A recente manifestação de Bruno Aiub, mais conhecido como Monark, desnuda a face mais odiosa não só contra os judeus, destinatários diretos da agressão, como também contra a humanidade, uma vez que o regime nazista eliminou tanto judeus como Testemunhas de Jeová, negros, homossexuais e padres católicos.
Como um ser humano pode usar os meios de comunicação para pregar o direito de odiar ao próximo!? Defender a existência de um partido nazista, que iria filiar todos que odeiam diversas minorias, abriria precedente perigoso e inaceitável, pondo em risco o Estado Democrático de Direito.
Temos que buscar penas cada vez mais severas para os Monarkas da vida, não só no âmbito do judiciário, mas também onde dói mais, no bolso, com o corte dos patrocinadores, que deveriam abandoná-lo à sua própria sorte.
A tolerância e o respeito ao próximo não podem ser figuras de retórica, que devem estar incorporadas nas atitudes de cada um, para preservar os valores mais caros que tanto amamos: a nossa liberdade e o convívio harmônico de nossa sociedade.
Arnon Velmovitsky é presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa da OAB-RJ.
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Entidades judaicas também condenaram a fala de Monark com notas de repúdio, confira:
Confederação Israelita do Brasil (Conib): “A Conib condena de forma veemente a defesa da existência de um partido nazista no Brasil e o ‘direito de ser antijudeu’, feita pelo apresentador Monark, do Flow Podcast. O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera ‘inferiores”, diz a entidade. “Sob a liderança de Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias. O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica”.
Grupo Judeus pela Democracia: “Ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas. Racismo e perseguições a quaisquer identidades não são liberdade de expressão. LGBTfobia não é opinião. Talvez por nunca ter feito parte de um grupo que sofre ou sofreu com perseguições, Monark parece relevar os perigos do preconceito e das ideias supremacistas. Só um detalhe: o nazismo é contra a existência não só de judeus, mas de todos os ‘diferentes'”.
Consulado da Alemanha no Brasil: “Não, defender o nazismo não é liberdade de expressão. Quem defende o nazismo desrespeita a memória das vítimas e dos sobreviventes desse regime e ignora os horrores causados por ele”.
Museu do Holocausto (Curitiba, PR): “Respeitosamente, o convidamos a nos visitar. Aqui, você perceberá que o nazismo foi muito além de pessoas exercendo, em suas palavras, o ‘direito de serem idiotas’. Aqui, aprenderá que o partido nazista refletia uma pequena minoria e que, por ter suas ideias de supremacia e extermínio consentidas, pôde crescer e perpetrar o Holocausto. Ser ‘antijudeu’ não é ser contra um conjunto de ideias, mas contra a existência de um grupo de pessoas”.
Federação Israelita de São Paulo: “Bruno Aiub defendeu, de forma expressa, o direito de alguém querer ser antijudeu, bem como o direito à existência de um partido nazista no Brasil. Mesmo contestado pela deputada Tábata Amaral, Monark insistiu que suas falas estariam escudadas no princípio da liberdade de expressão, demonstrando, a um só tempo, desconhecer a história do povo judeu, e a natureza de um princípio constitucional essencial, muitas vezes deturpado por aqueles que insistem em propagar um discurso que incita o ódio contra minorias. Nós, da Federação Israelita do Estado de São Paulo, repudiamos de forma veemente esse discurso e reiteramos nosso compromisso em combater ideias que coloquem em risco qualquer minoria. Manifestações como essa evidenciam o grau de descomprometimento do youtuber com a democracia e os direitos humanos”.