“Onde está Amarildo?” virou “Quem matou Amarildo?” e, antes do esclarecimento do caso do ajudante de pedreiro desaparecido na Rocinha, depois de ser levado por policiais da UPP, há mais de um mês, o Rio já se vê assombrado por outros crimes que correm o risco de permanecer sem solução. Não é o que os cariocas querem e, por isso, novas campanhas perguntam: “Quem matou o biólogo espanhol?” e “Quem matou mãe e filha em Costa Barros?”.
A Secretaria Estadual do Ambiente e o Disque-Denúncia oferecem R$ 5 mil de recompensa a quem der informações que levem aos assassinos de Gonzalo Alonso Hernández. O biólogo foi morto a tiros no início do mês, em 06/08, em seu sítio em Rio Claro, no sul fluminense. Nesta quinta-feira (22/08), a viúva de Gonzalo, Maria Lourdes Pena Campos, se encontra com a Chefe de Polícia Civil, Marta Rocha, para pedir justiça – a suspeita é de que os criminosos sejam palmiteiros e caçadores da região. O ambientalista, que vivia há 16 anos no Brasil e plantou 4.000 árvores no Parque Cunhambebe, costumava denunciar queimadas, extração de areia e caçadas.
Parentes de outras duas vítimas da violência no Rio também vivem angústia parecida: conseguir punição para quem matou Maria de Fátima dos Santos, 52 anos, e sua filha Alessandra de Jesus, 24, na última quinta-feira (15/08). Elas foram baleadas durante uma operação policial em Costa Barros, subúrbio da capital. A jovem, segundo parentes, pode ter sido confundida com bandidos, pois usava uma jaqueta masculina e tinha o cabelo curto. As duas eram trabalhadoras.
Infelizmente, é apenas a ponta do iceberg. Os últimos números da Secretaria de Segurança Pública indicam que 39.940 pessoas tiveram morte violenta no estado desde 2007. A ONG Rio de Paz alerta que podem ser muitos mais, já que apurou 35 mil desaparecidos no mesmo período e não se sabe quantos destes foram mortos. Seriam milhares de Amarildos, Gonzalos, Fátimas e Alessandras? A resposta fará com que deixem de ser apenas estatísticas.