A Covid-19 dá outro golpe na sociedade carioca: morreu, na noite desse sábado (16/05), o empresário Rafael Fragoso Pires, o Fafa, que estava internado há quase dois meses, no IEC (Institulo Estadual do Cérebro, de Paulo Niemeyer), no Centro — os médicos já tentavam a interrupção da ventilação mecânica. Rafael estava em tratamento de leucemia antes da contaminação pelo coronavírus, portanto, mais vulnerável do que qualquer homem da sua idade e de vida saudável, 62 anos.
Jamais considerou qualquer possibilidade de não vencer a leucemia, falada por ele abertamente em conversas sociais, apesar de completamente imperceptível a qualquer observador — o que não comprometeu em nada sua gentileza, seu porte, sua alegria de viver. Tinha sempre uma frase amável às pessoas com quem convivia, fossem ou não da sua intimidade.
Na vida de salão, era chamado por alguns amigos de “Príncipe Charles do Country”, numa referência ao clube de Ipanema, por sua elegância (grande característica), gestos suaves e voz comedida. O Country era uma espécie de segunda casa, onde frequentou a vida toda, com seus figurinos requintados para cada ocasião, fosse no inverno ou no verão. A elegância da vida social estendia-se ao apartamento da Praia do Flamengo (no famoso prédio construído por Jorginho Guinle), onde morava, acrescido ainda pelo conhecido bom gosto também da sua mulher, a arquiteta e decoradora Márcia Müller.
Rafael sempre foi apaixonado por cavalos e hipismo, tendo sido, várias vezes, campeão brasileiro, e representado oficialmente o Brasil em competições internacionais. Outra grande paixão eram sapatos — foi colecionador, o que o levou a manter, por anos, a loja “Fragoso”, na Aníbal de Mendonça, em Ipanema, tendo admiradores de todos os perfis, como o inglês Robert Forrest, maior divulgador da moda brasileira no exterior. Rafael deixa uma filha, Alessandra (de casamento marcado com Pedro de Orleans e Bragança), do relacionamento com Betina Haegler e, ainda, de luto, grande parte do Rio.