Livre pensador e “inventor social”, como ele gostava de se apresentar, o arquiteto e urbanista Sérgio Bernardes (1919-2002) acaba de ganhar uma retrospectiva no Museu Nacional de Belas Arte, com abertura nessa terça (17/12). A mostra “Sérgio Bernardes — 100 anos” resgata a trajetória do humanista e visionário que marcou a arquitetura no Brasil, reunindo projetos de design, mobiliário e urbanismo, com desenhos e imagens inéditas.
Em 1960, Sérgio imaginou um Rio do futuro que teria bairros verticais, uma via turística através das montanhas e uma ponte ligando a Barra a Niterói — esses projetos não saíram do papel, mas seus trabalhos estão em vários pontos, como os postos de Salvamento da orla e o Pavilhão de São Cristóvão.
“Ele não dividia o tempo entre a vida e o trabalho, o trabalho era a vida dele. Tinha um entusiasmo contagiante e um rigor que o levava a revisões sucessivas de suas próprias soluções. Ele costumava dizer que a ‘sua verdade de hoje poderia ser a mentira de amanhã’”, contou a jornalista Kykah Bernardes, viúva de Sérgio e curadora da mostra, junto com Adriana Caúla, professora da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFF.
A expografia da mostra é assinada por Thiago Bernardes, neto de Sérgio, que, em 2014, lançou o documentário “Bernardes”, dirigido por Gustavo Gama Rodrigues e Paulo Barros, sobre como o arquiteto caiu no ostracismo depois de assinar trabalhos encomendados pela ditadura. Aliás, a família — entre filha, netos e bisnetos — foram em peso.
A comemoração foi tripla: o centenário de Sérgio, o Dia do Arquiteto (15/12) e a abertura dos eventos no MNBA em homenagem ao 27º Congresso Mundial de Arquitetura, que acontece na cidade ano que vem.