Os figurinos do tradicional baile do Met, que parou Nova York e as redes sociais nessa segunda (13/09). A medir pelos figurinos, o mundo se transformou na pós-pandemia? Os convidados usavam vestidos incríveis, mas as máscaras ficaram no passado. Mesmo podendo não usar, a maioria ali tem milhões de seguidores e servem como exemplo para o mundo. Toda a produção do evento usava, por quê?
Teve Lil Nas X trocando de roupa três vezes – uma manta quase medieval, passando por uma armadura dourada, e revelando, por fim, um body todo em brilhante; Kim Kardashian virando meme ao cobrir todo o rosto e o corpo. Que título você daria? Algo como “me protegendo do Taliban”? E a fantasia de Kim Petras, com um cavalo? Já Grimes entrou com uma espada e máscara prateada (mas só de enfeite mesmo).
Anitta, uma das brasileiras no evento, ao lado do empresário Alexandre Birman, preferiu um pretinho sensual. Outra brasileira que esteve no Met foi a modelo Valentina Sampaio. Quando esta abria suas asas, não passava despercebida.
Mas vamos deixar temas específicos para quem conhece (em ordem alfabética):
Paula Acioli (pesquisadora e especialista em moda): “O tema dos figurinos foi a ‘Independência Norte- Americana’ — um prato cheio para a exploração de temas polêmicos recentes, como pandemia, os movimentos “Black lives matter”, LGBTQ e tudo mais que aconteceu nesses dois últimos anos. Entre tantos looks excêntricos, destaco o preto, da cabeça aos pés, vestido por Kim Kardashian, famosa por adorar expor rosto e corpo. Na minha leitura, é um manifesto em memória a todas as tragédias e tempos sombrios que o mundo vem passando e uma incógnita do que estar por vir. Nenhum figurino ficou de fora dos movimentos mais recentes: o escapismo (compreensível diante do angustiante tempo que vivemos) e o “dopamine dessing”, roupas que transmitem sensações extremas, como a dopamina, neurotransmissores produzidos no cérebro humano, para transmitirem sensações de euforia e bem-estar”;
Regina Martelli (consultora de moda): “As celebridades não se vestem, fantasiam-se, o que explica toda a cafonice. A Anna Wintour (editora da ‘Vogue’ americana) dá essas festas para badalar, porque é em benefício do The Costume Institute, e a melhor maneira é conseguir mídia, mas acho que temos de analisar as roupas como fantasias de escola de samba: pela criatividade, pelo tema, por ser engraçada… Não podemos analisar aquilo como roupa. É fantasia e pode ser linda, mas quem vai vestir aquilo? Ninguém”.