Nessa quinta (12/12), teve sessão do doc “Barretão”, dirigido por Marcelo Santiago, no Cine Odeon, o qual conta a história do produtor e cineasta Luiz Carlos Barreto através de uma entrevista com o próprio, feita pelo jornalista Geneton Moraes Neto (1956-2016). Foi a primeira saída oficial de Luiz e da mulher, a produtora Lucy, desde a morte do filho, o cineasta Fábio Barreto, no dia 20 de novembro, depois de 10 anos em coma.
Barretão comentou sobre os ataques do governo à cultura: “Pessoalmente, eu já vivi em várias circunstâncias. As instabilidades políticas sempre atingem dois setores: a economia e a cultura. É preciso que se entenda que a atividade cultural é exercida num terreno livre das ideias. É muito medíocre ficar discutindo se o cartaz foi retirado da parede (sobre os posters de filmes nacionais retirados da sede e do site da Ancine). Não interessa. São atos menores. A gente tem que lutar pela coisa maior. O que é a coisa maior? A democracia. Eu acho que o capitalismo mundial desistiu da democracia”.
O cineasta Cacá Diegues completou: “Eu acho que esses ataques são fruto de ignorância. Pessoas que não têm maior ideia do que seja cultura, da necessidade de um povo se reconhecer na tela de um filme. Agora, eles não vão conseguir acabar com o cinema brasileiro. Já tentaram, a ditadura tentou, o Collor tentou quando acabou com a Embrafilme. Eles vão tentar, e não vão conseguir porque o cinema brasileiro é uma necessidade. Podem diminuir o número de filmes, criar problemas para a produção, mas acabar com o cinema, jamais”.
Já Lucy falou sobre a importância da nova geração do cinema: “Eu tenho contato com muita gente jovem; eles são muito ativos e estão todos indignados com o que está acontecendo, com esse movimento de negação do cinema. Mas isso tudo é o tal negócio: essas pessoas passam e a cultura fica”.