
Marcelo Antinori ainda autografa livros, mas aposta no sucesso das publicações digitais / foto: arquivo pessoal
O que leva um economista bem-sucedido a trocar a carreira internacional pela vida de escritor? A resposta vem numa palavra só: tecnologia. A era digital chegou como um empurrãozinho para quem alimentava, há muito tempo, o sonho de se realizar como escritor.
Essa é a grande aposta de autores como Marcelo Antinori. Depois de trabalhar por 20 anos no Banco Mundial e no Banco Interamericano de Desenvolvimento, ele abandonou os números, o terno e gravata e decidiu se dedicar exclusivamente à literatura.
Em menos de seis meses, Marcelo publicou dois livros – “O Labirinto de Mariana” e “O Húngaro que partiu sem avisar” – em versão impressa e também digital, os chamados “e-books”. Os romances refletem a paixão pela cidade de Paraty e também as experiências do autor nos quase 30 países onde implantou projetos de desenvolvimento.
O brasileiro, que mora nos Estados Unidos, tem sido um espectador privilegiado da evolução do mercado dos livros digitais. Ou “revolução”, como diz. Ele cita as vantagens para quem pretende se lançar como escritor: “Os menores custos para publicar, a comodidade e a enorme facilidade para os leitores em encontrar seus títulos preferidos”.
Hoje, é possível baixar livros digitais por cerca de 10 reais – um terço do valor médio de uma edição impressa. E isso tem ajudado o mercado a se expandir. Um levantamento da Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe/USP) indica: o Brasil já tem 9,5 milhões de leitores de “e-books”.
Um desafio para as editoras é conquistar aqueles que não abrem mão de folhear páginas, manusear com carinho o livro e testemunhar a ação do tempo em seu papel amarelado. Aí, entram alguns argumentos que o mercado tradicional tem dificuldade em contestar: além do preço em conta, o livro digital está em qualquer lugar, especialmente nas pequenas cidades, carentes de livrarias. E um só equipamento pode armazenar milhares de publicações.
Segundo a Câmara Brasileira do Livro, estão disponíveis no Brasil 28 mil títulos em formato digital. Na era dos “smartphones” e das redes sociais, é esperança de conquistar um novo público, que ainda não se aventurou pelos caminhos da literatura.