Uma leitora, que mora na Europa há anos, ficou ofendida com a definição “trans” em uma nota na coluna e pediu para “preservar sua identidade”, dizendo que “sempre evitei me expor até porque se eu quisesse ser famosa, teria feito na minha juventude”. A coluna sempre respeitou todos os “personagens” que aparecem por aqui, independentemente de gênero, time de futebol, escolhas políticas, religião ou quaisquer outros assuntos do tipo. Mas a leitora, de educação europeia, pode estar nadando contra a maré e, percebe-se, não acompanha muito os noticiários do seu país de origem: no Brasil, ser “trans”não é uma coisa pejorativa; muito pelo contrário, é sinônimo de coragem, luta e orgulho.
No último dia 29 de janeiro, foi comemorado o “Dia da Visibilidade Trans”, população de travestis, homens e mulheres trans que lutam por trabalho, políticas de saúde, contra a violência e, inclusive, pelo reconhecimento da própria existência. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), no Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais no Brasil em 2017, aconteceram 179 assassinatos de travestis ou transexuais, o maior índice de homicídios relacionados à transfobia em 10 anos. Isso significa que, a cada 48 horas, uma pessoa trans é morta no país. Levante as mãos para os céus, cara leitora, já que 90% das mulheres trans no Brasil trabalham com prostituição e procuram um lugar ao sol, sem sucesso. E nunca esteve tão na moda, tanto na Europa quanto no Brasil, aceitar-se e aceitar a todos como são!