Eterna discussão entre os moradores dos bairros são os blocos de carnaval, que, para muitos, levam alegria às ruas da cidade; pra outros, reclamação e revolta, pelo xixi, lixo, barulho e falta de mobilidade. “A proposta era não permitir mais blocos nas ruas, porque pela quantidade de pessoas, torna-se insustentável. Mas o problema nem são os tradicionais, e sim os blocos piratas, que não têm autorização da Prefeitura e brotam em qualquer esquina do bairro, ficando difícil a fiscalização. “É barulho, bebedeira, xixi, por mais que eles coloquem banheiro, não dá vazão, e nem as meninas querem usar um espaço sujo”, diz Evelyn Rosenzweig, presidente da Associação de Moradores do Leblon (AmaLeblon), indicando um outro fator de agonia para quem paga um IPTU lá no céu. “Acaba a música, mas as pessoas ficam. Da última vez que fui à praia, senti um cheiro de álcool no ar inimaginável. O maior perigo pra mim é a venda de bebida para menores. O consumo de substâncias ilícitas diminuiu, mas o de bebidas alcoólicas aumentou. É um descontrole”, diz ela.
Um deles, o Bloco Areia (Associação Recreativa Etílica Independente Amigos da rede do Aloísio), comemora 15 anos nas ruas do bairro, mas fez algumas mudanças para este ano. Antes, levava mais de 30 mil pessoas à Rua Dias Ferreira, e agora sairá dia 11 de fevereiro na praia, entre os postos 11 e 12 – eles também vão fazer ensaios dias 20 e 27 de janeiro no bar Desacato, e dia 3 de fevereiro na Praça Zózimo Barrozo. “Ficaríamos na rua, mas vamos sair do interior dos bairros porque incomoda muito. Tivemos um imbróglio com a associação de moradores, e a Prefeitura disse que não poderia ser lá. Poderíamos ir para o Jardim Botânico, mas não queremos sair do Leblon para não perder nossa essência”, diz Guilherme Maia, um dos diretores do bloco. E continua: “Entendemos os moradores porque o bloco tomou uma proporção absurda e provavelmente vamos ter mais de 50 mil pessoas. O problema nem é o bloco, porque fazemos dentro do horário previsto, mas as pessoas que continuam pelas ruas.”
Serão 473 blocos e 596 desfiles pela cidade, que acontecem de janeiro a 18 de fevereiro – os chamados megablocos vão sair no Centro e no Aterro do Flamengo, e os que desfilavam na praia do Pepê, na Barra, foram realocados para a Arena Carnaval, no Parque dos Atletas, na Barra; serão 10 blocos ao longo de cinco dias de festa. Não haverá megablocos nos bairros da Zona Sul, mas os tradicionais dos bairros serão mantidos.