Thiago Soares, primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres, tem uma vida surpreendente. Nasceu em Niterói e adorava dançar hip hop na adolescência. Aos 15 anos, foi descoberto por um coreógrafo, que percebeu no seu corpo magro, longilíneo e forte, itens importantes para a dança clássica.
A carreira profissional começou em 1998, quando Thiago foi para o balé do Theatro Municipal do Rio, dois anos depois. Depois desse passo, foi medalha de prata no Concurso Internacional de Ballet de Paris, em 1998, e ganhou medalha de ouro do Brasil no Concurso Internacional de Dança do Teatro, em 2001. Nesse mesmo ano, Thiago entrou para o Bolshoi Ballet e, na sequência, no Royal Ballet de Londres, em 2002, de onde, quatros anos depois, tornou-se o primeiro bailarino, e ali permanece. Entre as pessoas que o ajudaram, estão Dalal Achcar e Sandra Haegler, por sugestão da primeira (dona de escola de balé que viu talento no então garoto); a segunda bancou seus estudos por algum tempo. Casou-se com a argentina Marianela Nuñes, primeira bailarina do Royal Ballet – são apaixonados. Em sua última estada no Brasil, sem ela, era uma troca de contatos intensa.
No Rio, Thiago ganhou jantar da amiga Liège Monteiro, a quem conheceu em Mônaco, e, pelo jeito doce e sereno, acabaram criando laços. O mesmo aconteceu com Glória Maria: a jornalista foi à Inglaterra entrevistá-lo e se transformaram em melhores amigos. Com ele é assim: de cara, gosta ou não gosta. Em poucos dias, Thiago mal pôde ver os amigos de infância, que mantém, aos 32 anos e de quem sente saudades. Seu próximo trabalho na cidade carioca, só em agosto de 2015, mas não pode contar ainda. Leia sua entrevista.
UMA ROUBADA: “Ter apenas dois dias para curtir o Rio, que tanto amo, e pegar chuva.”
UMA IDEIA FIXA: “Tenho ideia fixa em trabalhar.”
UM PORRE: “Gente inconveniente é um porre.”
UMA FRUSTRAÇÃO: “Não poder estar mais próximo dos meus pais, por morar fora.”
UM APAGÃO: “Esquecer a fisionomia da mulher de um amigo na festa dele. Fico com vergonha só de lembrar. Era uma celebração importante, ela veio e tapou meus olhos por trás, fazendo aquela famosa brincadeira ‘advinha quem é?’. Eu citei um ou dois nomes sem sucesso; aí então virei e não tinha ideia de quem fosse. Eu vi o constrangimento no olhar dos que estavam à minha volta. E, para piorar, disse: “Desculpe mas deveria te conhecer?”, enfim, de algum jeito, nos perdoamos, mas fico febril só de me lembrar disso”.
UMA SÍNDROME: “Acho que sou sem síndromes – felizmente.”
UM MEDO: “Medo de me machucar e não poder trabalhar.”
UM DEFEITO: “Ô, tenho vários – rs! Impulsividade é um deles.”
UM DESPRAZER: “Trânsito intenso é um desprazer. Um dia, as cidades vão parar. Na verdade, espero que isso nunca aconteça.”
UM INSUCESSO: “Um espetáculo acabar e sentir que naquela noite você não tocou o público.”
UM IMPULSO: “Impulso de comer doce.”
UMA PARANOIA: “Às vezes pinta a paranoia de me machucar em cena, como aconteceu há um ano, dançando no Royal Opera House. Na descida de um salto, arrebentei parcialmente um tendão do pé e, como era estreia com imprensa e etc., decidi terminar a sequência do solo. Terminei, agradeci, saí e voltei, mas para o palco um colega teve que me substituir e finalizar o espetáculo.”