Mais ou menos dez integrantes da tribo Baniwa, do Rio Negro, estiveram pela primeira vez num cinema, para assistir à sessão de “O Contato”, documentário de Vicente Ferraz e da produtora Juliana de Carvalho, no festival de docs “É tudo verdade”, nessa segunda (17/04), no Estação Net Botafogo. Na véspera do Dia dos Povos Indígenas, Francy Baniwa, ex-coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro da Foirn (Federação das Organizações do Rio Negro) levou o pai, seu Francisco, e alguns parentes ao evento, vindos de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas.
O doc acompanha o cotidiano de três famílias indígenas em São Gabriel da Cachoeira, um dos municípios com maior extensão do mundo, com 23 etnias e 18 línguas indígenas. “Conviver com os povos do Alto Rio Negro e manter uma amizade com eles nos últimos quatro anos transformou completamente minha maneira de ver o mundo. A ameaça que eles sofrem diariamente me fez entender que os miseráveis existencialmente somos nós, os ‘brancos’, mergulhados em uma cultura ‘turbo materialista’ que está arruinando o planeta”, diz Vicente.
O filme tem outra sessão, custo zero, nesta terça (18/04), no mesmo cinema, às 18h. Francineia Fontes, a Francy, atualmente mora no Rio e é mestre e doutora em antropologia social pelo Museu Nacional, e autora do livro “Umbigo do Mundo”, dela e do pai, com pinturas de Frank Baniwa, lançado na última semana.