As praias e lagoas do Rio vistas de cima depois da tempestade (por Mário Moscatelli)
O biólogo Mário Moscatelli sobrevoou São Conrado, Barra e Jacarepaguá para observar o prejuízo feito pela tempestade que arrasou vários pontos da cidade nessa quarta-feira (06/02). Lá do alto, ficou impressionado com o que viu: “Brumadinho costeiro no Rio. Entre as vítimas que morreram, o ambiente da cidade também agoniza – o que passa despercebido pelo público. Sedimentos saindo do sistema da lagoa de Jacarepaguá, em direção à praia da Barra, atingiram 4km da linha de praia. A sugestão é não se arriscar para um banho de mar por alguns dias”, diz Mário.
Ele explicou que existem canais de drenagem importantes em Jacarepaguá, Sernambetiba e Joatinga que não servem só para drenar água, mas todo o “resto” que jogam dentro deles. “A turma que gosta de pegar onda deveria evitar períodos chuvosos visto que arriscam a saúde naquelas águas contaminadas. Não tenho dúvida de que, seguindo o histórico recente, a praia da Macumba também está com seus dias contados; vai funcionar na maré baixa como latrina da região, que, até hoje, como tantas outras, ainda vê como uma miragem o tal saneamento universalizado e a ordenação do uso do solo”.
O biólogo também passou pela praia de São Conrado, que está tomada por lixos e sedimentos. “As praias são o principal ativo econômico-ambiental da cidade; consequentemente, era de esperar que ao menos elas fossem tratadas com todo o respeito e atenção pelas autoridades. São Conrado está tomada por lixo e sabe-se lá mais o quê. Isso é um exemplo de como destruímos o patrimônio ambiental da nossa cidade, e sem perspectiva de melhora. A ciclovia Tim Mais, que, mais uma vez, desabou e que nos custou R$ 40 milhões (além do sedimento que jorra do costão do Vidigal proveniente da Rocinha), é mais uma obra que não disse a que veio! Afinal, esse lugar é a terra dos espertos e bem relacionados. O Rio continua nivelando-se por baixo, detonando o que ainda tem ou tinha de bonito. Porém, parece que o distinto público está se adaptando a essa nova realidade, ou não se incomoda mesmo com o visual pós-apocalíptico.”