Se Gilberto Gil pudesse retroceder a vida, não precisaria mudar nada, a medir pelo que se viu no documentário “Gilberto Gil Antologia Vol. 1”, de Lula Buarque de Hollanda, no Estação NET Gávea, nessa terça (10/12), na programação do Festival do Rio, com o artista na plateia. “A telona dá essa capacidade de amplificação do elemento histórico. No caso de um filme como esse, que é um rosário construído com pontas da história, é magnífico. Estou encantado com o filme”, disse ele.
O longa junta momentos marcantes da carreira do músico entre as décadas de 1960 e 1980, período em que o Brasil vivia a Ditadura Militar. O doc mostra Gil assistindo a vídeos antigos de sua carreira, em que canta alguns dos maiores sucessos e, em seguida, reage a cada um, fazendo um comentário sobre a música ou mesmo de alguma curiosidade — como “Expresso 2222”, que surgiu depois de uma viagem de LSD.
Lula, que pretende fazer um volume 2 do doc, comentou que a escolha em mostrar músicas mais conhecidas é para servir de documento para as próximas gerações. Ex-ministro da Cultura, Gil aproveitou para falar sobre os ataques recentes a diferentes setores da cultura por parte de autoridades públicas. Ao ser perguntado sobre como se sentia quanto ao assunto, ele disse: “Eu fico comovido com a ilusão deles. Como se iludem tão facilmente no sentido de querer achar que a gente pode esconder a vida atrás de um biombo qualquer, como eles parecem que pretendem. Uma bobagem. Fico com pena”.