O sentimento — ardente — de Roberto Medina está todo no Rock in Rio. Mas não é só neste que começa no próximo dia 27 (e vai até 6 de outubro); nenhuma edição é passado para o criador do maior festival do País. Fala e se lembra de todos com o mesmo tesão. É como se cada um dos festivais tenha deixado algo importante em sua vida: seja o de 1985, seja o de 2019. E que memória é essa para 72 anos?
Na hora desta entrevista, Medina estava na Cidade do Rock; pra ele, não parece fictícia — comenta como se fosse Rio, Paris, Nova York ou Petrópolis. E com muita alegria para esperar os 770 mil visitantes. “Só pra ver a cidade do rock, levamos 2 horas e meia. Isso aqui é uma experiência sensorial. Não tem Disney, superou meus sonhos”, diz ele.
UMA LOUCURA: Ter sonhado com o Rock in Rio em 84 foi uma loucura. Se me encontrasse comigo mesmo à época, eu não faria. Eu era atrevido.
UMA ROUBADA: Isso é uma roubada que não foi roubada. Quando apertei a campainha da casa do Iron Maiden, em Los Angeles, apareceu um cara com uma barba enorme, cheia de macarrão. Pensei: errei o endereço. Ao mesmo tempo em que achava estar no endereço errado, ele certamente achou que eu, de terno azul-marinho, era da polícia. Eu não era do meio do rock. Sentamos na cozinha, e ele assinou o contrato.
UM PORRE: Quando eu contratei o Frank Sinatra. Ao sair do quarto dele, depois de duas horas de conversa, tomei um porre.
UMA FRUSTRAÇÃO: Frustração é nunca ter tido Roberto Carlos no Rock in Rio; já até assistimos juntos. A gente conversa, conversa e nunca chega.
UM APAGÃO: Quando acabou o Rock in Rio I, passei uns meses fora do ar. Fiquei um tempo em Miguel Pereira, mais de um mês conversando com a natureza e repensando.
UMA SÍNDROME: Quando fui sequestrado, eu queria que não tivessem matado o sequestrador. Eu queria ter ouvido a história da boca dele, que ele acusasse os envolvidos.
UM INSUCESSO: O que sonhei eu entreguei. Entrego o melhor, até mais do que isso, para um país como o nosso.
UM IMPULSO: Quando Raíssa, minha filha de 14 anos, nasceu, eu não queria mais fazer o Rock in Rio. Resolvi fazer só pra ela ver.
UM MEDO: Medo é que as pessoas não gostem do que estou entregando, medo de abrir a porta do Rock in Rio no primeiro dia – esse é o teste. É muito emocionante a abertura do portão da cidade do rock.
UMA IDEIA FIXA: Tenho ideia fixa em fazer do Rio o principal centro de turismo do mundo, e somos preparados pra isso, até por termos a melhor rede de hotéis da América do Sul. É possível; a prova disso é o Rock in Rio. O Rio afasta empreendedores, e sabe como? Com a burocracia – para quase tudo, é preciso mais de 50 licenças – , não tem políticas públicas, não tem o mínimo calendário cultural, não se faz nada. Falta vontade política, porra! O Estado não quer participar de nada pra alavancar um projeto de verdade. Estamos no limiar. Enquanto isso, a gente está vivendo a miséria. Dói meu coração passar por uma favela, olhar o Rio com tanta violência.
UM DEFEITO: Meu maior defeito é ser mais carioca do que brasileiro. É um bom defeito?
UM DESPRAZER: Eu não diria que é um desprazer, mas sou tímido; faço quase um dublê para o Rock in Rio. Tive de fazer isso para as pessoas acreditarem em mim.
UMA PARANOIA: Não sei te responder. Acho que não tenho paranoia.
Em 85, o melhor festival de Rock, mas faltou led zeppiling.
Eles não foram convidados, ou não quiseram vir?
Já deixou de ser Rock in Rio faz um tempão.Devia chamar casa da mãe joana in Rio pois o que menos tem é rock.
Eu queria o restante da entrevista. Para aperitivo, está bom!