Um grupo de pré-candidatos a cargos públicos caminhava com a publicitária Danielle Cunha, filha do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, e também pré-candidata a deputada federal, em visita a Sepetiba, na Zona Oeste, nesta terça (21/06).
O grupo se reuniu na Colônia de Pescadores de Sepetiba para fazer uma espécie de comunicado (comício?) sobre a revitalização da praia de Sepetiba, obra iniciada pelo governo estadual em parceria com o INEA, que vai retirar a vegetação da praia e o lodo, devolvendo a faixa de areia, construir píer etc., ou seja, a ideia é extinguir o manguezal.
Enquanto muitos moradores aprovam o projeto do governo Castro — reiterado no auge da campanha eleitoral —, ambientalistas estão arrancando os cabelos e já começaram o movimento “SOS Manguezais de Sepetiba” preocupados com a destruição do local.
Segundo o biólogo Mario Moscatelli, “existe uma lenda de que a turma quer arrancar o mangue porque as árvores ‘invadiram’ o que no passado era praia. Cansei de explicar que o manguezal apenas se fixou onde um dia foi praia, em virtude das profundas mudanças que ocorreram na baía de Sepetiba pelos projetos dos anos 80/90, que alteraram a hidrodinâmica local e que nada têm a ver com o manguezal. Eu mesmo até transplantei milhares de mudas daquela ‘praia’ e replantei no canal do fundão, em projeto da Secretaria Estadual de Ambiente. Agora, tem que entender o que essa turma quer, qual o objetivo, destacando que o ecossistema é protegido por leis federal, estadual e municipal, portanto pode ser até o papa, mas existem leis que devem ser respeitadas, senão a zona fica institucionalizada”.
Enquanto isso, Danielle Cunha avisou, em seu discurso, usando uma camisa “Eu amo Sepetiba”, que uma equipe do Inea e os arquitetos da Secretaria de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano (Secidrj) vão fazer uma segunda vistoria nos próximos dias. “O projeto prioriza a construção de um píer para os pescadores, principal atividade econômica do bairro, e a limpeza do mangue, que há anos impede o acesso dos banhistas ao mar”, disse ela.
A sugestão de Mario: “Em vez de acabar com o mangue, o que seria crime ambiental inafiançável, deveriam aproveitar a presença dele como elemento protetor da costa, incrementador da biodiversidade (pesca), potencial área para ecoturismo e tantas outras formas sustentáveis e legais”.