Num mundo de consumidores conscientes e politicamente corretos, as impressões gráficas encontram cada vez menos adeptos. São muitas as razões: armazenar ocupa muito espaço, junta poeira, devem estar sempre organizados e também porque a praticidade da vida online mudou nossas referências. Fato é que encontramos, cada vez menos, estantes de livros nas casas modernas.
Tradicionais, as estantes de livros sempre revelavam muito da personalidade do dono da casa, pelos títulos e pelo uso que se misturavam aos hábitos e gostos. Sagrados para muitos, os livros ainda são insubstituíveis e representam uma forma de existência.
Aos poucos, os rígidos e severos consumidores vão dividindo seu tempo entre os livros físicos e os conteúdos online. As enciclopédias foram totalmente substituídas pelo incrível conteúdo prático e funcional do Google e outros sites do gênero. uem, entre os 40 e 90 anos, não se lembra da “Barsa”? As estantes agora são ocupadas por objetos, equipamentos, obras de arte e até livros; porém, definitivamente, não é mais destinada apenas à ocupação monótona.
Os registros de toda uma biblioteca ou mesmo o conteúdo de um jornal de 90 anos atrás podem estar em nossas mãos a qualquer hora do dia e lugar, através do celular, tablet ou computador.
Através dessa mudança de hábito, nasceu toda uma nova proposta de ambientação, de moda, de viver a casa e o nosso trabalho. Muitos ainda não abrem mão de ler, pesquisar ou apenas olhar um bom e lindo livro, virando cada página. Um universo à parte são os livros de arte, meticulosamente impressos. Esses são arte, colocados para serem apreciados.

A galerista Cassia Bomeny /Foto: Arquivo site Lu Lacerda
Perguntei a três pessoas que vivem de arte o que acham dos livros em casa (em ordem alfabética): a galerista Cassia Bomeny e os artistas plásticos Dudu Garcia e Mucki Skowronski. Todos respiram arte, cultura e tudo o que envolve esse universo.
Cassia Bomeny: “Não abro mão dos livros de arte, não vivo sem. Catálogos de grandes exposições idem, e algumas exposições de coleções de museus que eu amo também. Enfim, arte e livros de arte são paixões. Ainda hoje, faço catálogos das minhas exposições, mas envio também o conteúdo dos catálogos virtualmente, e existem importantes revistas de arte no Brasil que adoro. Mas é fato que, cada dia, estamos diminuindo as impressões gráficas pela consciência ecológica. Papel tem um charme único, mas existe um preço alto por trás. Uso mesa para meus livros de arte, pois gosto da praticidade em poder vê-los sempre que quiser. A arte faz parte do meu cotidiano e de forma natural, sem complicações ou dificuldades”.

O artista plástico Dudu Garcia /Foto: Arquivo site Lu Lacerda
Dudu Garcia: “Hoje uso os livros de pesquisa e computador com a mesma intensidade. O meu ateliê é muito amplo, grande e lá tenho uma estante onde coloco meus livros e tudo que considero prático. Quando estou pintando, quero ter tudo ao alcance do meu olhar. Ocupo todo espaço que meu olhar alcança”.

A artista plástica Mucki Skowronski /Foto: Divulgação
Mucki Skowronski (a artista passa mais tempo na Bahia, na praia de Una, onde tem um lindo paiol e recebe os amigos): “Livros são fundamentais. Amo cores e pesquiso tudo que eu adoro, desde arquitetura a fotos de natureza, e sou naturalmente curiosa e atraída pelo belo. Armazeno meus livros em mesas ou em estantes junto com meus objetos pessoais. Uso também meu computador e posso dizer que, hoje em dia, me divido entre os dois; mas nada se compara a estar olhando o pôr do sol na praia ou surfando, que é como me recarrego e me inspiro”.