O mistério da criação, com certeza, instiga a nossa curiosidade. O que acontece no momento em que criamos? O que nos inspira? O que nos move? Exatamente, por causa desse espírito e sentimento, é que evoluímos, conquistamos e descobrimos.
Graças à criação do sistema decimal, que classificou, compartimentou a natureza e nós mesmos, é que conquistamos o Planeta. A matemática está em todas as nossas ideias, constituindo um sistema supercriativo, lúdico, impermanente e, por incrível que pareça, fluido.
Um exemplo em que a matemática mostra toda a sua poesia é a arquitetura, uma atividade que dança com os números, fazendo da geometria uma arte. Outro exemplo é a perspectiva, tão usada nas composições artísticas, que, desde a Grécia antiga, possibilitou as grandes obras clássicas e atualmente a utilizamos para dar asas à imaginação.
E o que acontece no processo criativo de um arquiteto? Podemos falar de vários ingredientes, entretanto, os mais importantes são:
— vocação para criar;
— amar trabalhar em grupo;
— entender e apreciar, com a calma necessária, todo o processo da realização da obra;
— apreciar geometria;
— ter visão espacial;
— gostar de arte;
— gostar de história;
— respeitar e amar incondicionalmente a natureza.
As outras características variam entre os profissionais que fazem da arquitetura uma arte única e do arquiteto, um dos artistas mais completos do mundo.
Como é maravilhoso saber a opinião de jovens arquitetos sobre o que significa a profissão e o que os inspira, como Sophia Buffara, 30 anos, que se formou na Universidade Cornell, em Ithaca, Nova York (EUA). “Acredito que a arquitetura é mais do que uma construção lógica e funcional; ela é uma obra de arte. Através dela, habitamos espaços para poder apreciar e sentir diferentes emoções ao estarmos em novos ambientes. Fatores como cor, iluminação e até mesmo o uso da água, estabelecem características especiais nos ambientes, que aguçam certos sentidos no ser humano. Cada um desses elementos possui detalhes, que, quando apreciados em conjunto, criam ambientes que nos fazem apreciar cada lugar de forma única”.
E continua: “Meus maiores ídolos no mundo da arquitetura são Luis Barragan e Carlo Scarpa, pois prezavam essa ideia da arquitetura emocional. É por isso que sempre encaro a arquitetura como uma arte, algo que evoca emoção, que nos transporta. Para mim, livros são indispensáveis dentro de uma casa: romances, biografias, livros de culinária, arte, história, psicologia etc. Eles enriquecem a vida de novas ideias, transportam-nos para outros mundos e trazem o aconchego a uma casa”.