Resgatando a vida depois de uma longa pandemia, que ainda tem dado sustos, o que aprendemos e quais lições ainda usamos no cotidiano e em casa? Muitos voltaram a sair de casa para trabalhar; já outros continuam e vão permanecer em “home office” ou manter um trabalho híbrido. Independentemente das preferências, a vida mudou assim como o olhar para o dia a dia.
Nós, arquitetos, que lidamos com essas diferenças o tempo todo, percebemos atualmente que os extremos estão acentuados. As casas, para quem opta em ficar mais tempo, transformou-se em um local multifuncional feito sob medida e personalizado. Para quem sair de casa era uma terapia, a casa se transformou num espaço para receber e para o lazer acima de tudo. Em nenhuma dessas opções, o modismo ou itens caríssimos de decoração são foco de interesse.
Os desejos principais são o design do conforto, a qualidade dos materiais, a sustentabilidade e a funcionalidade dos espaços. Mudamos o olhar para uma preocupação mais abrangente com o entorno e com o que realmente faz a diferença para o todo. Simplificamos sem perder a sofisticação nem os gostos pessoais – mesmo para os que vivem e respiram moda e tendências.
Contribuir conservando o meio ambiente e o do seu vizinho também representa o novo olhar, fazer obras sem tanta poluição, evitar raspar mármores, vernizes e tintas com cheiros tóxicos, usar cimento sempre com vedação apropriada e os operários usando sempre equipamentos de proteção adequados. A consciência e a solidariedade, com certeza, aumentaram entre os modernos e atuais proprietários assim como a nova ordem mundial de comportamento – mais empatia com o Planeta e mais vida simplificada.
Perguntamos à produtora cultural carioca Márcia Braga, uma referência de elegância. “Para mim, o que restou da pandemia foi o respeito ao próximo! Se espirro, já saio de máscara e penso ‘como eu não fazia isso antes?’ No Japão, sempre se usaram máscaras em situações assim. Eu achava até legal, mas hoje vejo isso como boa educação e respeito. Em casa e na vida prática, simplifiquei as coisas. Ao contrário de muitos amigos, não fiz nenhuma obra, mas montei quase um bazar de tantas doações que achei supérfluas. Fiz da minha casa um espaço prático e funcional, muito mais simples, sem tantos objetos, adornos, almofadas… Para mim a pandemia trouxe consciência e hábitos ainda mais simples, genuínos e fundamentais. Tranquilidade, prioridade e muita pureza!”