Estudos científicos confirmam o poder da nossa memória genética e do DNA. Como exemplo disso, pessoas que não tiveram a oportunidade de conhecer seus pais biológicos e, mesmo criados distantes, demonstram atitudes, gestos, decisões e hábitos da sua família original. É impossível esquecer a nossa origem — está nas células.
Podemos, é claro, nos aperfeiçoar, incorporar o que nos faz bem e abandonar o que nos faz mal. E o melhor caminho é sempre o autoconhecimento. Em menor escala, sair do nosso país de origem e morar fora tem um paralelo com essa situação. Mesmo morando fora desde criança, o lugar de origem deixa marcas na nossa emoção.
Todas as pessoas que moram longe do seu país se adaptam melhor quando admitem sua nacionalidade. Parece uma situação simples, mas ganhar um novo passaporte não elimina sua origem. Aquelas que têm várias nacionalidades, no fundo também sempre escolhem a do coração e, quando vamos investigar, é sempre o lugar onde nasceu a maioria da família; ou seja, o lugar de origem é a nossa casa emocional.
Morar fora é bom demais! Conhecer novas culturas é importante para termos um olhar abrangente e inteligente; afinal, somos nômades por natureza, e conquistar novos lugares é mais que necessário. No entanto, as casas das pessoas que escolheram morar fora do Brasil têm suas peculiaridades. Em algum detalhe, refletem a brasilidade, seja através de peças de design brasileiro, hoje importante no mundo todo, seja através de pequenos objetos, seja até mesmo na culinária. Mas a memória afetiva verde e amarela está sempre presente, sem nenhum traço de pieguismo, eufemismo ou cafonice. Tudo que faz parte da nossa origem é elegante, saiba disso!
Mas como é morar fora do Brasil?
A empresária Isabella Skowronski escolheu Nova York para morar. Casada com um inglês, ela trabalha na cidade, impulsionada pela força do fazer americano. “Aqui, tudo funciona. Tenho acesso à arte, cultura e a lugares especiais, como diferentes exposições, um jardim botânico riquíssimo, pessoas diferentes, e por aí vai. Não tenho mais medo de andar na rua a qualquer hora do dia ou da noite. Fora a experiência de viver num lugar novo e conhecer novas culturas. Tenho saudade do Brasil, mas vou ficando por aqui. Nova York tem de tudo!”
Já o advogado Rodrigo Loureiro escolheu Paris; ele trabalha conectando Brasil e França. Ama o Brasil e, na sua elegante casa parisiense, não poderia deixar de ter uma cadeira mole de Sérgio Rodrigues. “Morar fora do Brasil tem alguns pontos positivos e curiosos. Os pontos positivos são vários e posso citar um que faz muita diferença. Morando na Europa, sente-se o quão globalizado o mundo está, pois tudo está interligado e interdependente: os países, as empresas… Na minha profissão, isso é claramente perceptível. Tudo acontece em vários lugares ao mesmo tempo. Um ponto curioso: descobre-se que, ao contrário do que o brasileiro diz, o ‘jeitinho’ não é exclusividade — existe no mundo todo e, por vezes, mais aqui fora do que no Brasil”.