Conquistando instantaneamente um local, o autorretrato é uma solução direta para uma casa autorreferente. Assim que a pintura passou a ser realista, lá pelo século II, os retratistas procuravam dar status e o título de donos da casa através de seus quadros. Os séculos passaram e sempre colocamos nossa personalidade na casa em inúmeras situações, mas ainda encontramos no autorretrato uma nostálgica elegância.
Esse tipo de quadro pode estar associado a uma certa exposição pretensiosa, porém, se forem bem feitos podem ficar muito charmosos. Entretanto, a linha é sutil entre a elegância e o mau gosto. Saber escolher o tipo e a forma do autorretrato é uma arte.
Prefira sempre o desenho à pintura e dê preferência ao preto e branco, já que uma tela a óleo tem que ser incrivelmente bem feita. A pose e a roupa também causam um efeito devastador ou excepcional na composição. Procure sempre uma pose simpática e despretensiosa, assim como o figurino.
Uns dos grandes retratistas da nossa época foi Alejo Vidal-Quadras, que pintava lindamente todas as personalidades importantes do mundo nas décadas de 60, 70 e 80. Ele sempre dizia: “O retrato reflete a personalidade atemporal”. Pintou de Audrey Hepburn (1965) a Marylin Monroe (1960), de Maria Callas (1961) a Picasso (1962).
O progresso chegou ameaçando inúmeras referências conhecidas dos nossos hábitos diários, mas ainda ficamos felizes com as referências nostálgicas e óbvias nas paredes da nossa casa. Saber que aquele lugar nos pertence ainda nos faz sentir acolhidos, protegidos e livres. E claro, as fotografias de arte são também uma evolução dos tempos. O autorretrato diz todo dia que a casa é, literalmente, a nossa cara.