Atualmente temos um bom motivo para transformarmos nossa residência em “casa musical”. Não só com todos os recursos tecnológicos ao inteiro dispor, mas também e, principalmente, pelo conhecimento que temos sobre o som, que acompanha a própria existência da civilização — muito antes de nascermos, ainda no útero de nossas mães, somos influenciados por ruídos, desde as vozes até os não tão agradáveis assim. Ele pode criar harmonia ou desarmonia, desenvolve nosso cérebro, serve de terapia cognitiva, social, entre outras, e tem o poder de curar ou adoecer.
O som é importante para cada um ao criar um padrão único de conforto ou desconforto. Ficamos felizes ou tristes com determinados tipos de sons, e isso muda conforme cada pessoa. Nesse incrível e vasto universo de sons e suas consequências em nossas sensações, existe a nossa casa. Quando olhamos para o seu interior, esperamos reproduzir constantemente uma atmosfera de conforto e bem-estar que nos represente.
As novas tecnologias na engenharia da construção e da inteligência artificial revolucionaram a produção de materiais e possibilidades altamente eficazes nessa área. Porém existem também pessoas que querem silêncio, zero som. O que isso significa? Que a casa não pode ter barulho externo e quase nenhum em seu interior. Por muitas vezes, essas pessoas não são tristes ou isoladas, só preferem ouvir músicas executadas com perfeição, sem nenhuma interferência.
Na verdade, se pudéssemos escolher, acredito que a maioria das pessoas escolheria ouvir sons da natureza, como o cantar dos pássaros, as águas correntes dos rios, as ondas do mar, o barulho do vento nas árvores, em vez dos roncos dos motores de carros, ônibus ou motocicletas. Sorte a nossa que existem as esquadrias acústicas, uma excelente opção para isolar de 50 a 90% do ruído desagradável das ruas. A boa notícia? Elas não estão mais tão inace$$íveis, se é que vocês me entendem.
O mercado evoluiu também na tecnologia sonora, e hoje temos caixas de som incríveis e sem fio, além de novos sistemas através de Bluetooth interligando toda a casa. Como diz o velho ditado, “o seu corpo é a sua casa”.
___________________________________________________________________________________________________
Perguntei a profissionais que vivem de música, de corpo e alma, “o que é para você uma casa musical?”:
Para a querida e sensível cantora Fafá de Belém: “Para mim, a música é tudoooooooo! Me abraçou quando eu precisei, chorou comigo quando eu chorei, rimos quando eu estava feliz, se apaixonou quando me apaixonei, me deu toda felicidade e nunca me abandonou. A música está tão presente na minha vida quanto em todos os lugares da minha casa – em cada canto, em cada esquina. Adoro tecnologia, mas não abro mão do disco LP na supervitrola; esse som é puro e perfeito. Minha casa é musical, feliz e alegre, assim como eu!” (Há mais de 30 anos, Fafá mora em uma cobertura na Zona Oeste de São Paulo);
Para o superquerido casal Flora e Gilberto Gil: “Música é harmonia. Procuramos harmonia em tudo na nossa casa, desde a escolha dos alimentos, da roupa de cama, dos móveis… Ela faz parte do nosso cotidiano, no entanto, às vezes, o som da casa é o silêncio, e a música vem suave, com o Gil tocando sozinho o violão ou quando recebemos a família e amigos. Nossa família é muito musical”. (Depois de 32 anos morando no Praia Guinle, em São Conrado, o casal se mudou para o edifício Chopin, na Avenida Atlântica, em Copacabana. Eles também mantêm uma casa na Bahia e outra em Petrópolis).
Uma casa musical é sempre poética, assim como nessas respostas! Obrigada Fafá, Flora e Gil.