
Pablo Sanábio, Fabrício Belsoff e Natália Lage em cena no espetáculo "Edukators" / Foto: Paula Kossatz
Será um thriller? Será um drama? Será uma performance multimídia? Será uma intervenção? Será uma obra-manifesto? Edukators, a versão teatral brasileira para o filme de Hans Weingartner, incorpora todas essas formas de manifestações. Ao final dos 90 minutos, o espectador sai como se tivesse visto uma exposição, assistido a um filme e visto uma peça de teatral. Tudo aqui e agora. Ganha-se muito.
Edukators conta a história de três jovens berlinenses, Ian (Fabrício Belsoff), Jules (Natália Lage) e Peter (Pablo Sanábio), cuja frustração com as injustiças do capitalismo global os leva a invadir casas de ricos para dizer ”seus dias de fartura estão contados”. Não roubam nada. Só desorganizam móveis,objetos, etc… Mas, um dia, Jules sugere que façam o mesmo na casa de Hardenber (Edmilson Barros), um milionário a quem deve uma considerável quantia em dinheiro – uma batida de carro mal explicada.
A partir daí, começa o espiral de ações. Os jovens atravessam a linha do protesto para a linha do crime. E a história que, até então só tinha visão de protesto passa a ter outra. O milionário sequestrado e os sequestradores debatem ética, história e estratégia política.
Nesses diálogos, no timing e na postura dos atores fica claro que a direção de João Fonseca optou pela teatralização, ao mesmo tempo que conversa com as outras formas de arte. Essa escolha faz com que o cenário seja uma instalação e que a maior qualidade do espetáculo seja essa visão de harmonia de elementos contemporâneos.
“Essa ideia do mundo como um lugar sem fronteiras, multiconectado, isso também é algo pertinente ao texto. Então, melhor que estejamos ‘no mundo’, mesmo! Porque, sim, o conflito humano (e político), tal qual focado na peça, faz com que o espaço seja um mero detalhe”, explica Rafael Gomes, autor da adaptação.
Edukators é um banho de contemporaneidade: o tema de protestos, as diversas formas de arte, a coragem ousada que só se tem quando se é jovem. E de brinde o documentário de Hans Weingartner, feito especialmente para a peça. Ganha-se muito com Edukators.