Se você é homem e está morrendo de medo com o nascimento do primeiro filho, o “Pai Grávido” (Editora DOC), de Renato Sá, pode ser incrível. Ele acabou de lançar o livro durante o 43º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia do Rio, no Prodigy Hotel, na última semana. Renato é coordenador do Centro de Diagnóstico da Perinatal, além de pós-doutorado de Medicina Fetal na Universidade de Paris, dentre outros títulos. Porém foi com os dois filhos que aprendeu, na prática, as “surpresas” da vida paterna — desde os cuidados pré-natal, riscos ao recém-nascido, entendimento das modificações do organismo materno e história da paternidade.
Qual foi a sua motivação para escrever esse livro?
Quando fui pai pela primeira vez, mesmo sendo médico, me dei conta de que eu não sabia nem trocar uma fralda de maneira segura. Os pais querem ajudar, mas precisam ser orientados sobre a melhor forma de fazer. Esta foi a minha motivação: ajudar os pais a exercer, de forma mais efetiva, a sua paternidade.
Quais são os sintomas dos pais grávidos?
Na maioria das vezes, só ansiedade; os sintomas geralmente se originam da ansiedade.
Existe a síndrome de Couvade, diagnosticada há 50 anos pelo psiquiatra William Trethowan, mas acredita que alguns homens possam estar “sugestionáveis” com a gravidez da mulher e tomar para si os sintomas? Ou Pode ser um desejo de o homem participar mais ativamente da gestação?
Participar mais, nem tanto né? Tem esse assunto no livro, mas não vou dar spoiler…
É comum você atender um pai grávido?
Eu até gostaria que fosse mais comum; infelizmente, não é. Isso mostraria um maior engajamento no processo da gestação e até do parto.
Quais as dúvidas mais frequentes deles?
As mais variadas possíveis, desde a questão da sexualidade até cuidados com o recém-nascido.
Cite algum caso curioso, engraçado.
Um dos mais curiosos foi um pai que, o tempo todo, durante o trabalho de parto, acreditava que alguma coisa aconteceria de errado, e o bebê não nasceria. Depois que o bebê nasceu, fui perguntar, e ele estava preocupado porque havia abotoado a roupinha do bebê e a mãe dele havia falado que isso “prenderia o parto”! Ele não conseguiu relaxar até o nascimento… Superstição pura.
Existe um medo de que a mãe vai deixar o pai de lado depois que o bebê nascer?
Sim, essa é uma questão bastante sensível e importante, mas a participação do pai durante todo o processo ajuda a desmistificar isso.
Qual a importância de um pai presente durante a gravidez?
Em uma só palavra: segurança. Segurança para a saúde do bebê e da família.
E quando o casal está separado durante a gestação?
A separação é do casal; eles podem se separar, mas tem que aprender a conviver e a dar o melhor cuidado possível para seu bebê. A separação é entre o marido e a mulher, jamais pode ser entre o pai e o filho ou a mãe e o filho, pois pai e mãe serão para sempre. A guarda compartilhada tem ajudado bastante.
Uma dica para os futuros pais, um trabalho que nunca termina…
Vivam intensamente cada momento — tudo passa muito rápido! Não deixem de demonstrar o amor aos seus filhos. Essa é a maior garantia de que serão adultos e futuros pais conscientes e responsáveis.