Essa máquina de autotestes de covid — como aquelas de petiscos que saem automaticamente depois de pagos — está num shopping em Berlim, na Alemanha. Por que os autotestes ainda não existem no Brasil? Nesse tipo de exame, a própria pessoa colhe material (com auxílio daquele cotonete longo, o swab, como em um PCR normal) e o deposita sobre uma superfície que aponta se está infectada ou não.
Ouvimos a pneumologista Margareth Dalcolmo: “A questão do autoteste é controversa porque, claro, ele é muito útil; em Israel, por exemplo, é uma beleza, mas depende do nível de entendimento e compreensão de como aplicá-lo e interpretá-lo muito bem. Seria muito bom se fizéssemos o teste porque, assim, podemos nos afastar no momento oportuno — recomendamos atualmente sete dias. Embora seja muito útil, ele pode gerar uma certa confusão com resultados falso negativo e falso positivo, porque depende de uma boa aplicação de quem o utiliza. Então, o nível de atenção e interpretação sobre a maneira de fazer tem que ser muito bem explicado e bem entendido”.
A fala da médica vai de acordo com o artigo 15 da Resolução 36 da Anvisa, o qual diz que não podem ser fornecidos para leigos produtos que tenham a finalidade de diagnóstico de presença ou exposição a agente transmissível, “incluindo agentes que causam doenças infecciosas passíveis de notificação compulsória”, o que inviabilizaria os autotestes para covid no País, não fosse por uma exceção — essa proibição “poderá ser afastada por Resolução da Diretoria Colegiada, tendo em vista políticas públicas e ações estratégicas formalmente instituídas pelo Ministério da Saúde”.
Sendo assim, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está em processo acelerado para criar novas regras e aprová-las no Brasil, o que poderia esvaziar as filas gigantescas vistas nos postos da cidade.