A minha atração pelo misterioso e a necessidade de respostas começou com uma experiência marcantem quando eu tinha apenas onze anos de idade e era aluna de um tradicional colégio de freiras, o Sacré-Coeur de Marie, e que acabou com a superioridade das autoridades em geral.
Minha avó Anna de Assis, à qual eu era muito ligada, estava há meses internada em um hospital vitima de um câncer, e qual não foi a minha surpresa ao chegar do colégio e encontrá-la na galeria de nossa casa. Pulei de alegria e corri para abraçá-la sentindo o calor de seu corpo encostado ao meu, o cheiro de seu habitual perfume, e enquanto ela virava as costas e caminhava em silêncio pelo comprido corredor, fui atrás atropelando-a alegremente com perguntas. Até que ela passou pela porta fechada no final do corredor, me deixando só…
Soube depois que ela estava sendo enterrada naquele momento.
A fé imposta foi rejeitada depois dessa experiência singular. O saber que a morte não existe me fez perder o medo da vida. Saí buscando, curiosa…
Continuo buscando, me descobrindo a cada passo mais igual a você e a todos; descobrindo-nos únicos. É uma busca plena em alegria no viver.
Se não encontrei as respostas, no caminho, surpreendentemente em uma sala de aula da faculdade de física encontrei a verdadeira fé, encontrei Deus, encontrei a mim mesma e, mais do que tudo, a segurança no universo de incertezas.
Tornei-me uma pesquisadora de temas ‘sem respostas’ e desenvolvi um escrupuloso método de investigação. Seguia sempre tentando encontrar a razão oculta desses fenômenos, e para tudo que não havia explicação razoável dentro da ciência clássica. Sempre atenta ao conselho de um psiquiatra amigo, 50% de mim entravam na experiência, enquanto os outros 50% observavam…
Fui ao encontro de conhecidos médiuns e paranormais e, infelizmente, encontrei 90% de charlatães, ilusionistas e mistificadores manipulando pessoas, alguns tentando vantagens financeiras, outros histéricos e ainda outros ávidos pelo poder.
Por outro lado, participei de materializações e de fenômenos que jogam por terra todas as nossas certezas, derrubando a grande maioria de teorias científicas, chegando a me submeter, juntamente com meu marido, a chocantes cirurgias no interior do Brasil.
Fui uma das primeiras brasileiras a fazer o Caminho de Santiago, após receber um convite do ‘mestre’ do escritor Paulo Coelho para entrar para a Tradição dos Templários. Durante o caminho, 846 km de trilhas subindo e descendo montanhas, apesar dos cinquenta anos e fumante sedentária, entre as muitas descobertas importantes, uma em especial me marcou para sempre, deixando-me assombrada:
– “Não sou levada por meu corpo; eu o levo aonde quero!”
A segurança desta descoberta permaneceu comigo. E o que isto significa? Quem é este “EU” que leva o meu corpo?