A “rainha” das penetras cariocas deu as caras na ABL nessa sexta (28/06), na posse de Heloísa Buarque de Hollanda, o que dá uma ideia da temperatura da noite, digamos assim, com mais de 500 pessoas, dos mais diferentes perfis ali representados.
Heloísa está com Teixeira na cabeça (sobrenome da sua mãe, que passou a usar recentemente, tirando o Buarque de Hollanda, de casada), tanto que começou sua fala agradecendo ao “Merval Teixeira”, em vez de Merval Pereira, presidente da ABL. Rsrsrsrsrs! Descontraiu geral, combinando mais com a sua simplicidade, bem diferente daqueles que acham merecer aplausos do sistema solar, digamos assim.
Heloisa é a 10ª mulher na academia. Nessa noite, Ana Maria Machado fez o discurso, Fernanda Montenegro entregou o diploma, Rosiska Darcy de Oliveira, o colar. Testosterona também não faltou, começando pelos três filhos, todos cineastas, Lula, André e Pedro. A ex-nora, a atriz Mariana Ximenes, que foi casada com Pedro (de 2001 a 2009), querida como os militantes, até o pessoal das Ongs do projeto tocado por Heloísa, Universidade das Quebradas, com a UFRJ. E, diante das possibilidades, a ABL até liberou o figurino social (só não podia chinelo, bermuda e camiseta regata). “O resultado desse projeto tem sido impactante. Quem passou pelo Quebradas está nas fundações, em governos”, diz ela.
Linda Brasil, vereadora sergipana e ativista LGBT+, levou um leque personalizado com as cores do arco-íris e não poupava os “trrrrráaaaaaaa-trrrrrráaaaaaa !” (movimento rápido das mãos para abrir o leque fazendo barulho) quando chegava perto de algum conhecido – ou não. Sobre as cenas e os momentos, a jornalista trans Sara Wagner York fez uma observação: “Quando você já viu um corpo trans na ABL? Nunca, né? Viemos porque é tempo de mudar!”
“O que é discutido na ABL é muito sério. São os problemas da língua nacional, o que é certo, errado, bom ou ruim, e não tem nada mais político e importante. Acho que seria maravilhoso divulgar a gravidade desse assunto para o público em geral. É bacana defender a palavra, a língua, a literatura nacional, a liberdade de expressão. É uma instituição a que vale a pena pertencer”, disse Heloisa.
Autora de vários livros de sucesso, ela agora está envolvida em algumas criações e será tema de dois documentários: “Helô”, há sete anos filmado pelo filho, Lula, com roteiro de Isabel de Luca e Julia Anquier, que só esperou a posse para ser finalizado, daí, as altas produções cinematográficas.
“A ideia é mostrar a trajetória profissional e pública da escritora e também o seu lado pessoal de avó, que gosta de viver cercada pelos netos, explica Lula; e “O nascimento de H. Teixeira”, da cineasta Roberta Canuto, amiga das antigas da protagonista, com produção de Clélia Bessa, em parceria com o Canal Curta!, previsto para estrear no ano que vem, sobre a vida e obra da intelectual, e sobre voltar a usar o sobrenome materno, que já foi até tatuado nas costas (ela usava o nome do marido, o advogado e galerista Luiz Buarque de Hollanda, que morreu em 1999).
Heloísa Buarque Teixeira (ou o que for…) está com a cota de amor em dia.