O Teatro Prudential nunca recebeu na mesma noite tantos intelectuais: muitos imortais foram aplaudir o colega da Academia Brasileira de Letras, Geraldinho Carneiro, nessa segunda (04/09), autor de “Noel Rosa: coisa nossa”, com direção de Cacá Mourthé.
No palco, dois Noéis, os atores-cantores Alfredo Del-Penho e Fábio Enriquez, para transmitir a intensidade da vida do artista, que morreu aos 26 anos, recontando episódios divertidos, boêmios e trágicos da vida meteórica do “Poeta da Vila”, que compôs 259 músicas. “Todos somos Noel. Meu desafio foi trazer a vida e a poesia dele para as novas gerações”, diz Mourthé.
A peça é cheia de som, humor e poesia, caracterizada pelas noitadas em bares, a luta de Noel contra a tuberculose e, claro, as histórias de amor. “Elas são sempre muito interessantes, ainda mais quando é um homem dividido entre um amor em casa e outro da rua”, diz Geraldo ao explicar o destaque dado aos relacionamentos com Ceci, figura da noite da Lapa, e Lindaura, com quem ele foi obrigado a se casar por ter tirado sua virgindade aos 13 anos.
Na origem do projeto estava a vontade de Marcelo Serrado de voltar a encenar Noel, que havia interpretado em 2000, no espetáculo “Noel — Feitiço da Vila”, mas os mil compromissos mudaram seus planos, no entanto, ele continuou como produtor, com Eduardo Barata. Foi Serrado quem encomendou a peça a Carneiro.
Também no palco, Matheus Pessanha (músico), Dani Câmara (Ceci) e Julie Wein (Lindaura). Renato Vieira é o coreógrafo e o próprio Del-Penho o diretor musical.
Comemoram-se os 50 anos de carreira de Geraldo, mas no fim, quem ganhou homenagem foi a artista plástica Thereza Miranda, sua grande amiga, que acabou de fazer 95 anos.