Desde segunda (26/02), quando estreou, na TV Brasil, o “Sem Censura”, tendo Cissa Guimarães como apresentadora, começou uma grande campanha nas redes e divulgação espontânea de fora a fora. Como se o programa tivesse se aberto generosamente pra Cissa, que além da alegria, tem um perfil “fala o que pensa”, pelo menos, mais que a maioria.
O programa não ficou muito tempo fora do ar, teve edições semanais até junho de 2023 – sendo até chamado de “com censura”, por ter convidados majoritariamente ligados ao governo passado — mas, para a maioria dos espectadores, a atração acabou em 2016, quando Leda Nagle deixou a bancada depois de 20 anos (estreou em 1985, com Tetê Muniz, em contraposição à então finada ditadura militar).
Agora voltou trincando, não só no visual, mas na formação dos debatedores fixos: o apresentador apoteótico Milton Cunha, que vai revezar com a comediante Dadá Coelho, o dramaturgo Rodrigo França, e os jornalistas Fabiane Pereira, Katy Navarro, Bia Aparecida e Murilo Ribeiro, o Muka, ou seja, gente raciocinante. Rs!
“A divulgação nas redes tem atingido a galera da geração Z, antes pensei que o alvo seriam as senhorinhas que ficam em casa vendo TV, mas, não, está sendo surpreendente”, diz ela, que chegou com a energia do recomeço.
Leia sua entrevista:
UMA LOUCURA: Normalmente, foram loucuras de e por amor, como transar dentro do banheiro de um avião ou, do nada, resolver ir para Maui (ilha no Havaí), para ver um grande amor. Os contidos que me perdoem, mas eu nasci para ser intensa. E também a repercussão do programa, que está uma loucura, muito maior do que eu esperava, um sucesso. O programa tem uma trajetória de quase 40 anos, uma construção inabalável, uma força dele próprio, e estar à frente é um presente.
UMA ROUBADA: Aceitar alguns convites longe de casa não é viagem, mas para festas, shows, acho roubada. Você vai, volta bêbada. E também beber com gente errada, que não sabe beber.
UMA IDEIA FIXA: Evoluir sempre, em tudo.
UM PORRE: Gente chata, que se acha e que precisa de massagem no ego. Porque o porre mesmo, ficar de pilequinho, é uma coisa boa, legal, sem exageros, claro.
UMA FRUSTRAÇÃO: Nunca ter feito uma peça de Shakespeare. Se pudesse, acho que faria Lady Macbeth, maravilhosa.
UM APAGÃO: Na resposta prática, é chover para apagar a Gávea inteira (seu bairro). Mas eu passei por uma espécie de apagão, o maior que alguém pode ter tido (em 2010, perdeu o filho caçula, Rafael Mascarenhas, depois de atropelado enquanto andava de skate), mas não considero como um apagão, porque nunca vou tirar da memória, porque meu filho é eterno e convivo com essa dor e não quero esquecer nunca. Apagão também é uma coisa muito delicada porque o ator tem muito medo de um apagão na hora de interpretar o texto, a gente trabalha com memória, e é uma coisa que nem gosto de falar no assunto “apagão”.
UMA SÍNDROME: Sou muito disciplinada no trabalho; na vida, é outra coisa, mas no trabalho… E agora tenho que estudar a vida de todos os entrevistados, saber de tudo, e vou trabalhar todos os dias ao vivo, felicíssima. Mudei até a minha vida pessoal para poder fazer um programa legal, mas tudo isso com muito amor, com uma equipe extraordinária. Estou acordando mais cedo, me alimentando melhor, não só pra ficar bonitinha, mas com saúde, porque chego em casa muito cansada. Por exemplo, eu não gostava de acordar cedo e tinha hábitos noturnos. Tive que mudar isso: não saio mais dia de semana e só tenho sexta e sábado para curtir meus filhos, netos, sair com os amigos para tomar um vinho, e o resto eu foco no trabalho, mas, quando você trabalha com o que você ama, é assim mesmo.
UM MEDO: Tenho medo de dor e de gente mau caráter, que cruzamos o tempo todo. Mas tem medo de falar alguma besteira no ar? Até penso nisso, mas, por mais que eu tente, não consigo controlar muito, porque sou muito espontânea, né? E então, é natural e acima de tudo, a gente escuta o outro com todo o respeito, mas sou uma pessoa que fala o que pensa, sou muito passional, e isso é legal porque é tudo sempre muito sincero. Minha boca é um precipício.
UM DEFEITO: Impaciência – sou do “aqui e agora”.
UM DESPRAZER: Você ir a um lugar e encontrar gente chata… Achei a palavra… Caretice… É tanta gente careta. Está insuportável.
UM INSUCESSO: Algumas relações amorosas, e foram muitas. Fui casada três vezes e sou muito namoradeira (adoro beijar na boca). Hoje estou solteira porque não dá nem tempo de pensar, agora nem dá pra brincar.
UM IMPULSO: Todos: quando vi, já fiz… Não me arrependo deles porque são honestos, mas não gosto quando machuco o outro sem pensar. Eventualmente, a pessoa não quer saber daquilo naquela hora, e eu cometo o “sincericídio”. Sou impulsiva e posso machucar alguém e não gosto disso, mas nada muito grave.
UMA PARANOIA: Sofrer, não aguento mais sofrer e já está de bom tamanho. Chega. Agora o que mais amo é estar com meus netos, minha família e beijar na boca, adooooooooro.