Como publicado aqui, a perturbação do sossego é uma reclamação constante dos cariocas, principalmente os que moram na orla, do Leme ao Pontal. Mas o negócio piorou com o incremento dos quiosques, a retomada do pós-pandemia e os altos investimentos, numa tacada só — no fim de 2021, foram 31 novas operações da concessionária Orla Rio, sendo que 29 quiosques passaram por uma renovação e reabriram ou vão reabrir sob direção até o fim do verão. A orla tem, ao todo, 309 quiosques.
A intenção do empresariado pode ser até boa, mas os efeitos têm incomodado os moradores. A empresária Dulce Wilmersdorfer, uma das administradoras do “Fórum Cidadão”, que incentiva a participação da população para solucionar os problemas da cidade, criou um abaixo-assinado no Change.org, junto com mais de 50 associações de moradores, pedindo providências à Orla Rio e à Prefeitura para resolver os barulhos dos quiosques.
Para saber de pessoas incomodadas, nem precisa procurar muito. A artista plástica e designer de joias carioca Kim Poor, vive se queixando. Ela tem apartamento em Ipanema, na Vieira Souto, Posto 10, desde que foi inaugurado o quiosque Clássico Beach Club, há pouco mais de um mês. “Praticamente, todos os dias, desde que abriu, ouvimos um bate-estaca altíssimo, às vezes começando ao meio-dia ou às 15h, sem parar, até as 10 da noite e, às vezes, além. Um inferno”, diz ela.
A coluna conversou com João Marcello Barreto, presidente da Orla Rio: “Temos uma vasta equipe de campo, que trabalha de domingo a domingo, fazendo uma checagem nas operações dos quiosques, de forma proativa e preventiva, para se certificar, inclusive, que eles estejam dentro do limite de decibéis definidos por lei. O objetivo dessa ronda é dar apoio aos operadores no que eles estiverem precisando e garantir um bom funcionamento nos 34 quilômetros de orla. As reclamações, diante dos 309 quiosques, são poucas e bem pontuais. E, quando surgem, são rapidamente analisadas e resolvidas entre a Orla Rio e os quiosques. Vale ressaltar que, além de termos parceria com a Secretaria Municipal de Ordenamento Público (SEOP), as Subprefeituras e a Guarda Municipal, também podemos tomar medidas mais rígidas, notificando o quiosque e, em casos extremos, fazer a quebra de contato”, explica ele.
E continua, chamando atenção para outro ponto: “Apesar de atuarmos de forma preventiva e sem infringir qualquer lei, vemos que o mesmo não acontece com as centenas de ambulantes ilegais que atuam na orla. Muitas vezes, o som mais alto e fora do horário pode estar vindo desse tipo de comércio, e não dos quiosques. Gostaria de reforçar que a Orla Rio não é omissa e que sempre avalia cada uma das reclamações e prontamente as resolve. Temos vários canais de comunicação para toda a população, como o site, telefone e direct das mídias sociais. Queremos oferecer o melhor da nossa orla sempre.”