Mudanças climáticas, tempestades e ventanias inesperadas, pragas urbanas etc. são dezenas de fatores que levam à queda de uma árvore. Nesta terça (03/09), uma delas caiu sobre um menino que andava de bicicleta na Rua General Glicério, em Laranjeiras. A queda interrompeu o trânsito e gerou uma série de ações imediatas para a remoção dos escombros e o socorro ao garoto, que está internado em estado grave no Hospital Miguel Couto.
Segundo o biólogo Renan Paraiso, da UFRJ, o acidente poderia ter sido evitado: “Nenhuma árvore cai ‘do nada’, e todo acidente tem origem numa cadeia de acontecimentos, às vezes pequenos e ingênuos. No dia 20 de fevereiro deste ano, eu visitei essa rua, coincidentemente, para realizar um trabalho da pós-graduação em arborização urbana; no caminho, deparei com um senhor cortando as raízes dessa árvore com uma enxada. Imediatamente parei e perguntei o motivo. Reparei que a árvore não fazia parte da arborização da rua, pois estava plantada no meio da calçada, e as raízes estavam elevadas em relação ao solo, segundo ele, para fazer um canteiro de plantas ornamentais, e as raízes atrapalhavam. Ele me contou que a árvore havia sido plantada e manejada assim, a mando de um morador do prédio”. Que tal?
Para que a prefeitura ou estado se responsabilizem por qualquer dano, é necessário avaliar se a árvore precisava de poda ou se estava um pouco torta e dava para ver que ela poderia cair; aí, sim, pode gerar responsabilidade do município.
Perguntado, o biólogo Mario Moscatelli diz: “Penduram de tudo nas árvores, furando-as e, dessa forma, aumentando a vulnerabilidade a doenças variadas ou ataques por variados organismos. Por outro lado, o controle fitossanitário é frágil diante da demanda existente. Obras nas ruas também, que não têm cuidado com as árvores existentes, causam danos no sistema radicular que, muitas das vezes, matam ou tornam as árvores vulneráveis para a queda. Podas excessivas executadas por concessionárias. Finalmente temos os assassinos de árvores que, por motivos variados, geralmente por conta da vista, envenenam as árvores. Infelizmente, ainda vivemos na direção contrária do que acontece em várias capitais do mundo onde o plantio de árvores e sua gestão se tornaram um imperativo diante das mudanças climáticas”.