A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em um levantamento sobre o “Setembro Amarelo”, de campanhas de prevenção ao suicídio, concluiu que, entre 2020 e 2023, mais que dobrou a quantidade de pacientes da saúde mental nas unidades da prefeitura: de 5.828 para 12.340, dados divulgados por O Globo.
De janeiro a agosto deste ano, 28% dessas consultas foram para cuidar da ansiedade, com 2.160 atendimentos; do total, a ansiedade generalizada foi diagnosticada em 1.160 pessoas (15%). Destacaram-se também tratamentos de doenças como a depressão e o transtorno de pânico, por exemplo. As mulheres representam 75% dos atendimentos.
Enquanto isso, nas redes sociais, as pessoas têm falado abertamente sobre seus problemas, mas não necessariamente diagnosticados por um profissional, usando termos como “fulano é tóxico”, “isso me dá gatilhos”, “sou uma pessoa muito bipolar”, “acho que tenho TDAH”… De acordo com 77% dos brasileiros ouvidos em pesquisa do Preply, plataforma de aprendizagem de idiomas, tais tipos de expressões estão não apenas se popularizando, mas também sendo usados de forma banalizada, reduzindo o vocabulário terapêutico a “frases de efeito” virais, o que aumenta a propagação de informações incorretas, o aumento de autodiagnósticos imprecisos e, ainda, o acesso dos usuários a conteúdos prejudiciais.
“O futuro é as pessoas cuidarem da saúde mental, das coisas que realmente importam. De acordo com o inquérito epidemiológico #StatusOfMind, publicado na United Kingdom’s Royal Society of Public Health, as redes sociais influenciam muito mais os jovens do que outros vícios, como o tabaco e o álcool. A saúde mental é um tema tão recorrente na vida dos jovens, que tem ocupado um espaço importante também nos conteúdos consumidos diariamente por eles, muito além das redes sociais”, diz a psiquiatra Maria Francisca Mauro.
E segue: “Encontre prazer no pequeno. Alguns criam rotinas corridas nas quais apenas repetem sem se dar conta do que estão desenvolvendo. Olhe o céu, também não se distraia do chão para não tropeçar. Exercício físico para saúde mental. Menor consumo do desnecessário — de se perder por múltiplos conteúdos dos diferentes streamings, plataformas e navegações aleatórias. Menos SkinCare, mais AlmaCare. Beber não desestressa, comer não desestressa. O que realmente desestressa é a forma, ou seja, sentir-se bem para poder consumir sem se prejudicar”.
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