O chef Eric Ueda /Fotos: Bruno Calixto
Parece um beco sem saída. E é! A Casa Ueda, no Recreio e agora, em Botafogo, é um ponto fora da curva, a começar pelo endereço — e também pelo desafio de encontrar um japa secreto e descontar tantas derrotas em Paris esta semana. Fica nos fundos de um corredor de casinhas lindas, onde é possível ser feliz ao sabor de um omakase e matar a saudade do Azumi (japa tradicionalíssimo que fechou as portas em Copa). Cautela, nos ensina o mestre Eric Ueda, chef da casa que leva o nome da sua família (pai japonês e mãe paulistana, filha de japoneses). O pai dele era o titular do posto que o filho herdou no Azumi, em 2009. E lá se vão quase 15 anos, algumas idas ao Japão e a glória de estar no CEP da inovação gastronômica carioca.
Quem aposta no balcão — e não tem lugar melhor para comer japa — dá de cara com outra grife local: Aline Freitas, a chef afiada, cheia de manobras manuais no comando do sushi bar, junto com Clara Barbosa e André Matias, este também outra fera do Azumi. É dela o balé que hipnotiza os olhos, tanto pela habilidade da moça quanto pela variedade de peixes da casa. E foi assim que, emparedado por Raisa Coppola (Medovik) de um lado e o chef, jornalista e amigo Rafael Cavalieri do outro, iniciei a viagem de sabores autênticos, começando por usuzukuri de tainha e sashimi de papo amarelo, pargo, lírio, xerelete e atum até chegar ao cozido de pescadinha ao molho shoyu, adocicado com cogumelo e legumes, passando por sushi de sardinha; ika guesso (cabeça de lula na robata); pele de salmão na robata (parece enguia) e batata-doce na robata com laranja. Dá para imaginar o show de “hummmm”, né?!!!
Ali, a regra é clara: os insumos mais frescos do dia, de resto para conquistar a memória afetiva com pratos do sushi bar. O saquê é um capítulo à parte, com microlotes da bebida, que vão desde secos até espumantes. Tem até o verdadeiro wasabi (R$ 30, apenas 1g) para levar para casa, e R$ 400 (somente o omakase).
De olhar sereno, expressão meio filosófica, observando tudo ao redor, Éric Ueda e seu time são a certeza do que podemos chamar: “Ouro Olímpico”.