O biólogo Mario Moscatelli sintetizou a relação humana com a fé e o meio ambiente, depois de encontrar esse cartaz de Jesus crucificado no meio do lixo do sistema lagunar de Jacarepaguá, nesta terça (09/07). “Existem muitas interpretações que relacionam o ser humano ao ambiente e, com base nelas, em cada cultura, criaram-se religiões, cada uma com uma abordagem diferenciada da relação homem/ambiente. Do meu ponto de vista como ecólogo, a espécie humana deveria ser ferramenta que deveria proteger a criação, visto que a vida é ainda coisa rara de ser encontrada fora deste planeta. No entanto, o homem tem se tornado um dos principais agentes de desequilíbrio do ambiente, tirando deste muito mais da capacidade de reposição, poluindo rios, lagos, lagoas e oceanos, contaminando o ar, sabotando os mecanismos de homeostase planetários que, em última análise, foram um dos motivos de termos o que hoje chamamos de civilização, promovendo extinções em massa”, diz ele sobre o cartaz encontrado, retirado dali por respeito à fé cristã.
A imagem estava boiando entre lixos e peixes mortos. “Considerei esse encontro bastante significativo — se eu fosse o criador ou filho Dele, não estaria nem um pouco satisfeito. Independentemente de sua fé, do jeito que continuamos tratando o ambiente, a situação vai piorar exponencialmente”, avisa.
Paralelamente às obras de dragagem da concessionária Iguá, que começaram em abril, existe também a revitalização do complexo lagunar (lagoas da Tijuca, Jacarepaguá e Camorim), com instalação de telas de contenção, coleta de lixo, produção de mudas de mangue, plantio e manutenção das margens, com consultoria de Mario. Porém, apesar de existirem ecobarreiras, muito lixo atravessa as lagoas e se acumula nos manguezais, como visto nas imagens.