O ator Othon Bastos, 91 anos, comemora 73 anos de carreira no palco, com o monólogo “Não Me Entrego, Não”, escrito e dirigido por Flávio Marinho, com estreia nessa sexta (14/06), no Teatro Vannucci, na Gávea.
O ator começou a pensar em mostrar os momentos da trajetória depois de assistir à montagem de “Judy: o Arco-íris É Aqui”, também de Flávio, em que Luciana Braga interpreta a atriz e cantora Judy Garland (1922 – 1969).
“Eu pensei como é maravilhoso contar a vida de alguém no palco. E aí falei com o Flávio que eu queria fazer um espetáculo com ele sobre a minha vida – e entreguei umas 600 páginas de pensamentos escritos sobre coisas que eu gosto, autores, anotações… Ali tinha um resumo bom sobre mim. E fomos fazendo: ele leu, entendeu e foi montando”, diz Othon sobre seu primeiro monólogo.
“À primeira vista, o que temos é o próprio Othon contando histórias divertidas e dramáticas da sua vida pessoal e profissional. Isto seria o esqueleto dramático da peça. Só que este esqueleto é recheado de diversas reflexões. Por exemplo, depois que ele encontra o amor da vida, com quem está casado há 57 anos (com a atriz Martha Overbeck) o texto passa a refletir o sentimento do amor através de diversas referências e citações”, explica Marinho para quem não estava numa das cadeiras da plateia lotada, que se emocionou em vários momentos.
A atriz Juliana Medella acompanha o artista como uma observadora de suas falas, uma personagem simbólica.
Detalhe: mesmo com Othon tendo mais de sete décadas de arte nos ombros, o diretor não conseguiu patrocínio e bancou a peça do próprio bolso. “O Othon é um ícone da nossa cultura, é o maior ator brasileiro vivo. Não encontramos nem através de edital, nem através de empresas privadas, não houve jeito”. Que tal?