É provável que você ou esteja na busca desenfreada de um lugar para jantar com seu amor ou, no caso dos solteiros, ainda não decidiu onde encher a cara para esquecer o (a) ex, ou ainda ter um encontro romântico consigo mesmo neste 12 de junho, Dia dos Namorados. Para fazer jus ao meu trabalho na coluna e declarar mais uma vez meu amor pela gastronomia, vou deixar de lado as indicações de casas onde comer e beber a dois para listar 10 casos de “felizes para sempre” à mesa. Love is in the air!
1 – Queijo e goiabada: “Imbatível”, concorda minha maior amiga de mesa e grande comparsa de vida, Luciana Fróes. A origem é mineira, ainda durante o período colonial, quando os portugueses começaram a produzir queijo nas colônias. No caso especial da Coalhada’s, campeã de uma medalha superouro no 3º Mundial do Queijo do Brasil, o queijo frescal (massa crua, consistência mole) é perfeito para esse encontro dos deuses. Faz o maior sucesso no Talho Capixaba (Leblon e Gávea). O batizado desse casamento feliz foi feito pelo cartunista Maurício de Souza para uma campanha publicitária na década de 1960. Na versão sorvete, conquistou meu coração. Tem no Prado, do chef Marcones Deus, mas a que vem fazendo a cabeça geral mesmo é na empada @deliciasdajaque2023.
2 – Rissoles de camarão com Alvarinho: fora seis garrafas e rodadas do salgadinho que é uma paixão da culinária portuguesa, durante um aniversário meu. Os vinhos Alvarinho são frescos e aromáticos, contando com bom corpo e ótima acidez. No nariz, aromas frutados, como de marmelo, banana, pêssego, limão, maracujá e lichia, notas florais, como de violeta e flor de laranjeira, nuances de mel e toques de amêndoas. Tem no Rancho Português, na Mercearia da Praça e no Gajos d’Ouro, todos em Ipanema.
3 – Bacalhau rodeado de batatas: esse é o casal de ouro, literalmente dourado quando sai do forno, fumegante, gratinado ou à Lagareira, à Brás ou até mesmo no escondidinho. No site bacalhaudanoruega.com.br/receitas/ tem receitas ótimas para fazer em casa. Se for para pedir na rua, a meca do prato é no Cadeg, em Benfica, onde reinam nomes, como Barsa, do chef Marcelo Barcellos, ou então (vale a ida) na Gruta de Santo Antônio (13/06 é dia dele!!!), onde o prato é da Dona Henriqueta, a melhor cozinheira com sotaque português no Rio.
4 – Filhote com açaí: atenção para esse casal de pombinhos à la brasileira, vem da Amazônia o sabor único da floresta. É como consomem os paraenses no Ver-O-Peso e nos restaurantes. No Rio, as primeiras levas de açaí foram trazidas por um ex-piloto da Vasp, mas ganhou popularidade pelas mãos da família Gracie. Na praia, virou moda uma versão bem carioca, com guaraná: bem doce e diferente do original, como ensinam os indígenas.
5 – Pasta em filme italiano: quem nunca salivou diante da cena clássica? Um casal de frente um para o outro, saboreando um espaguete coberto de molho vermelho-paixão (“Um Americano em Roma”; 1954). No Mezzogiorno (meio-dia em italiano) do Gero (Fasano Rio), onde entrada + principal + sobremesa sai por R$ 180, tem spaghetti alla carbonara e ravióli de muçarela de búfala ao molho de tomate fresco e manjericão. Tem espaço para a sobremesa: o verdadeiro “Poderoso Chefão” é o cannoli, massa doce frita, em formato de tubo,com origem na Sicília. Mangia bene!!!
6 – Ostras e Chablis: há quem aposte na junção da ostra com Bloody Mary ou Muscadet, mas uma boa parte de bons bebedores crava no vinho da Borgonha, feito 100% com Chardonnay. É com a rainha de todas as uvas brancas que a iguaria dos mares ganha status de rei — o vinho mais elegante de mineralidade acentuada e o mais delicado molusco. Toda terça-feira, tem delas fresquinhas, abertas na hora, numa banquinha simpática na porta do Canastra Ipanema; nos outros dias, no Leme.
7 – Mixto+Quente: atire a primeira pedra quem não ama? Nasceu como um “almoço perfeito” num café em Paris, nos idos de 1910: quente, crocante, feito com queijo e presunto. Há quem adicione molho béchamel, o croque monsieur, um luxo só!!! No Sova, há camadas intercaladas de queijo prato e presunto royale (R$ 29, no croissant, minibaguete ou brioche: massa de fermentação natural da casa).
8 – Dry Martini com sexta-feira: não tem nenhum personagem de filme mais elegante que ele. O que será do Agente 007 sem o drinque feito de gim e vermute sexo (“batido, não mexido”)? Sabe como pedir? Um Martini seco se refere ao Martini com menos vermute. Pedir um Martini extrasseco significa que você só deseja vestígios de vermute, quando muito. O bartender pode apenas revestir o copo com vermute, sem que ele se misture à bebida. No balcão do Baduk, ele virou Dead Sea Martini, criação da Laura Paravato (a mixologista das mixologistas), que adicionou Jerez.
9 – Torresmo e limão: a abertura do Suru Bar — empreitada de Igor Renovato e Raí Mendes — na fronteira da Lapa com a Glória, ainda causa alvoroço naquela calçada, onde, a cada meio metro, se vê um prato de ágata repleto de torresminhos cortados em cubos com gomos de limão cravo por todos os lados. Faz parte do mix de acepipes de balcão, que inclui azeitonas temperadas, ovo de codorna, batata calabresa e mix de picles, bem como rissole de língua (R$ 15). A tira inteira e mais procurada da cidade fica um pouco distante dali, no famoso Bode Cheiroso, do expert Leonardo Nunes. Mas, atenção: ele (vascaíno roxo) não abre em dia de jogos do Flamengo.
10 – Menu degustação de cara para o chef: para coroar a data em ritmo de amor eterno, tem algo melhor do que jantar um menu em etapas de cara para o chef? Bem coladinho mesmo. Se for japa, então, sentado no balcão do omakase, entornando doses de saquês premium harmonizando com sushis surpreendentes entregues à mão pelo sushiman. A intimidade é o sabor do restaurante. No Lasai (2 estrelas Michelin), o percurso completo sai por R$ 1.150 e no San Omakase (1 estrela Michelin), a partir de R$ 470, sob a faca afiada de André Kawai, embaixador do Sushi no Brasil e Portugal. Amor maior não há!!!