“Gaslight — uma Relação Tóxica”, último trabalho de Jô Soares (1938-2022) — que assina tradução, adaptação e direção com Matinas Suzuki, mas morreu pouco antes de entrar em cartaz em SP —, estreou nesse fim de semana, no Teatro Clara Nunes, na Gávea.
A peça do inglês Patrick Hamilton em 1938 foi parar na Broadway; seis anos depois, virou filme. Com o sucesso, o termo “gaslighting” passou a ser usado como sinônimo de manipulação psicológica sistemática, em que a vítima é levada a acreditar que suas memórias estão erradas. A nova versão tem no elenco Érica Montanheiro, Giovani Tozi, Maria Joana, Leandro Lima e Mila Ribeiro. Com cenário de Marco Lima, figurino de Karen Brusttolin, iluminação de César Pivetti e trilha sonora original de Ricardo Severo, o espetáculo foi cuidado de perto por Jô, que trabalhou na concepção da encenação até seus últimos dias.
Érica, que teve uma história com Jô (conheceu-o em 2011), foi dirigida outras três vezes por ele. “A concepção da peça é toda dele, as orientações, tudo já estava lidado por ele. E sempre com muito humor, uma delicadeza pra dirigir, muito certeiro, um homem de teatro e sempre democrático nas decisões, perguntando se estava bom pra fazer daquela forma, aberto pra escuta”, diz ela.
Como o próprio Jô costumava dizer, “o teatro é um trapézio sem rede. Se a gente ficar lá em cima esperando segurança, nunca saltaremos”.