O advogado Gabriel de Britto Silva, especializado em Direito Imobiliário, se disse assustado ao ver casas de dois e três andares ao passar pela Linha Vermelha, nesta segunda (01/04). “É urgente e fundamental haver uma contínua e consistente política habitacional em benefício do direito constitucional à moradia digna, especialmente aos mais pobres, aliada ao rigor da fiscalização quanto às posturas municipais. Casas de três andares em pleno muro divisório da Linha Vermelha retratam, de forma estampada, a falência do poder público, possivelmente de forma irreversível”, diz Gabriel.
As construções são no Parque União, Parque Rubens Vaz e Nova Holanda, no Complexo da Maré, financiadas pelo tráfico que atua ali, e feitas totalmente de forma ilegal, segundo a Prefeitura e a promotoria do Ministério Público do Rio. A Seop fez uma operação contra o roubo de carros e de cargas e busca de armas e drogas; além disso, demoliu mais ou menos 30 casas em novembro passado. E, em menos de cinco meses, novos esqueletos já estão sendo erguidos.
A multiplicação dos puxadinhos que desafiam a lei da Física também é vista na Linha Amarela. “Em tempos de G20, os chefes de estado vão ver a desordem em seu grau máximo. Não há mais barracos ou casas simples coladas no muro da Linha Vermelha no trecho entre o Galeão e a Zona Sul, mas casas enormes e com obras recentes”, completa Gabriel.
Os painéis de acrílico que aparecem nas imagens e que disfarçam as favelas de quem chega ao Rio pelo Galeão Tom Jobim, vão ser revitalizados pela Prefeitura por R$ 8 milhões, para o encontro dos maiores líderes globais, em novembro, quando o fluxo de estrangeiros será grande. Só que mais nada disfarça a ousadia dos traficantes.