Já que é aniversário do Rio, nessa quinta (29/02), a galeria Nara Roesler, em Ipanema, inaugurou “Essa cidade ‘sempre maravilhosa'” (as aspas simples são uma ironia), com curadoria de Theo Monteiro, tentando discutir características, elementos culturais, situações e contradições do Rio — paisagem, lazer, violência, sexualidade etc — pelos trabalhos de 12 artistas de diferentes linguagens e gerações. O título faz referência a uma frase de um samba de Ismael Silva (1905-1978), “Antonico”, que diz “Meu nome é Ismael Silva, nasci em Jurujuba, em Niterói, e fui para o Rio, essa cidade sempre maravilhosa, aos três anos de idade”.
Logo na entrada, uma pintura de Priscila Rooxo, representando várias cenas de mulheres no subúrbio – ela foi criada em São João do Meriti e mora em Rocha Miranda. O trabalho de Elian de Almeida retrata um homem preto tocando violão em um ambiente cheio de referências da cidade e ao autor do título, Ismael Silva.
“Em uma cidade onde a vida se faz veemente, o transe, o culto e o sonho desempenham um papel crucial: são uma forma de extravasar e sobreviver”, diz o curador Theo Monteiro.
Entre os trabalhos, o “Maracanã”, em vídeo de Marcos Chaves, mostrado pela primeira vez, num estádio completamente lotado, mas com as luzes apagadas e iluminado somente por lanternas e celulares.
Ainda que a maior parte dos artistas sejam do Rio, dois são de fora, e um é estrangeiro. “O alcance das situações e questões vividas pelo Rio já transcende os limites do município, se fazendo presente também em outras regiões do Brasil e alimentando o imaginário estrangeiro.”
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