Desde essa quinta (21/03), quando o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de “grande perigo” para o Sudeste, os meteorologistas estão chamando atenção a todo o momento: o governador Cláudio Castro decretando ponto facultativo, faculdades e escolas particulares cancelando aulas, e o prefeito Eduardo Paes “internado” no Centro de Operações Rio (Cor). A chuva ainda não veio, como anunciado. E o que os cariocas fizeram? Foram às redes criticar. Que tal?
“Passado este período, que nós não sabemos exatamente no que vai dar, acho que valeria uma reflexão do que tenho ouvido, nas ruas, de algumas pessoas conhecidas, referente à previsão das chuvas que a gente espera não aconteçam na intensidade prevista. A maioria expõe a descrença em termos de previsões. E como é uma ‘pré-visão’, não uma visão, ela pode não se concretizar. Mas isso é cultural — aquela coisa de ‘fatalidade’, ‘foi Deus que quis’… Previsões se baseiam em modelos matemáticos, uma simplificação da complexidade da natureza. As pessoas consideram essa previsão um exagero, um terrorismo gratuito. Até agora, choveu bem pouco aqui no Rio — que ótimo, não? A prevenção salva vidas, mas parece que a sociedade prefere enterrar suas vítimas. Uma sociedade que não dá valor à Ciência e que prefere a tragédia em relação à prevenção está fadada a extinção”, diz o biólogo Mario Moscatelli.
O prefeito, que deu o último boletim em suas redes, pouco depois das 23h e já estava publicando outro vídeo antes das 5h, disse que prefere virar meme a ficar de braços cruzados. “Muita gente desconfia das previsões, mas preferimos prevenir do que remediar. Estamos mantendo as indicações e torcendo para que tudo dê errado. O importante é sair bem. Vamos nos manter atentos”.
Mario completa: “Não tenho simpatia nenhuma pela classe política, mas crucificar seja o prefeito, seja qualquer governante, por tomar as medidas de precaução necessárias diante de um potencial quadro de chuva torrencial, é um atestado de ignorância absoluto”.