Entre outras barbaridades que viu em sobrevoo de helicóptero, nessa segunda (19/03), o biólogo Mario Moscatelli mostra um prédio com a construção atualmente paralisada, próximo da lagoa de Jacarepaguá, com acúmulo de água parada, formando praticamente uma piscina “olímpica” — como sabido, um ambiente perfeito para proliferação do mosquito da dengue (Aedes aegypti). No mesmo dia, subiu para 48 o número de mortos pela doença no Estado do Rio, segundo o Centro de Inteligência em Saúde do Governo do Rio.
Ao todo, são 145 mil casos prováveis só este ano, número 20 vezes maior do que o esperado, e outras 62 mortes estão em investigação. A Zona Oeste, onde fica a construção, é a região que concentra o maior número de casos. A Área de Planejamento (AP) 4, que inclui Jacarepaguá, Anil, Gardênia Azul, Curicica, Freguesia, Pechincha, Taquara, Tanque, Praça Seca, Vila Valqueire, Cidade de Deus, Itanhangá, Barra, Camorim, Vargem Pequena, Vargem Grande e Recreio, teve 109% mais diagnósticos da doença (3.602) do que em todo o 2023 (1.717). “A construtora responsável tem que tomar providências em relação à água parada em suas estruturas. Vivemos uma epidemia de dengue; qualquer facilidade, o mosquito que tem cérebro deita e rola”, diz Mario.
E completa: “Francamente? É questão de seleção natural. Quando há pais e mães que não levam nem os filhos para serem vacinados contra a dengue, o que você está esperando mais acontecer? Até jacaré, e eu conheço vários, cuidam melhor da cria do que esses mamíferos bípedes”.