Um tempo atrás, uma pessoa da minha família me disse: “Você estudou tanto, pra mexer com cocô?” Essa tem sido uma pergunta recorrente, não da mesma forma. Mas por que intestino? Um tema no mínimo inusitado para a maioria das pessoas.Eu sempre fui um espírito inquieto por conhecimento ao passo que tudo que é humano sempre me interessou bastante. Estudei Psicologia com o propósito de entender as relações, as emoções, a psiquê — era uma forma de entender mais o humano.
Trabalhei com drenagem linfática uma década pelo menos e aprendi a enxergar mais com as mãos do que com os olhos; o corpo humano, sua anatomia e suas respostas igualmente interessantes sempre me instigaram. Essa relação cabeça e corpo é extremamente complementar e fascinante!
Um pouco adiante na minha jornada, veio a Oficina Humana: tive um SPA de alimentação natural que me levou à nutrição e a esse mundo maravilhoso, com um destino determinado por cada garfada que damos. Decidimos o que alimenta nossas células. Mas onde entra o intestino nisso tudo?
Quando me formei, sabia que, depois de 20 anos e alguma experiência acumulada, eu gostaria de fazer a diferença. Não fiz outra graduação para aumentar a estatística de profissionais colecionadores de diplomas — queria mesmo contribuir. Num primeiro momento, subdividi a nutrição em todas as suas subcategorias, começando pela comportamental, que soava mais coerente a uma psicóloga conhecedora de anatomia e fisiologia e especializada em drenagem linfática; depois fui fazendo as maiores especializações de cada área, levando junto o consultório e a prática clínica. Existia uma coisa em comum não só nas formações como também nos resultados dos pacientes do consultório: o intestino! Tudo começava ou passava por ele!
Emagrecimento não é sustentável se o intestino não funciona bem. Gestantes acabam travando o intestino — é necessário saber manejá-lo. Comecei minha carreira atendendo muitas grávidas — tanto mulheres que desejam engravidar ou as que estão na menopausa precisam de um intestino saudável, seja para a concepção, seja para amenizar desconfortos advindos da menopausa.
Eu sempre precisava “resolver” o intestino da pessoa para então conseguir alcançar seja qual fosse seu objetivo. A essa altura, percebi que o caminho seria me aprofundar no intestino. E nessa busca, descobri que todos os caminhos levam ao intestino. Hoje, os maiores estudos na área médica e de saúde cruzam com a microbiota intestinal, e eu sempre faço a brincadeira: “Diga-me o que tens, que eu te mostro que o intestino está por trás disso!”
Eu poderia passar muitas e muitas linhas discorrendo sobre isso, mas vou dar apenas três exemplos que talvez surpreendam você:
1. Tudo relacionado à imunidade — desde ficar doente com frequência ou ter doenças autoimunes — passa pelo intestino.
2. Se você tem dificuldade em perder peso ou vive no efeito sanfona, seu problema pode estar no intestino.
3. Crises de ansiedade e depressão têm total relação com saúde intestinal.
Não vou entrar em detalhes de exemplos, mas falo diariamente sobre esse assunto e tudo que o envolve no meu Instagram @thaispsiconutri
Sete em cada 10 pessoas no mundo sofrem hoje de alguma questão intestinal; então, acho que isso é mais do que suficiente para eu me dedicar, cada vez mais, a levar meu conhecimento a essas pessoas que realmente sofrem. Só quem tem problemas de intestino sabe o quanto é triste!
E, assim, fui escrevendo o livro “Enfezado nunca mais” (Editora Rocco), com lançamento previsto para 10 capitais brasileiras no primeiro semestre, junto à gravação da websérie Caravana do Cocô. Com isso, espero levar o intestino a muitos novos caminhos no Brasil e no mundo.
Thaís Araújo é psicóloga e nutricionista (psiconutri), especialista em saúde intestinal. É também criadora do Método Intestino Livre e promete entregar um intestino funcionando em até quatro semanas.