A noite de terça (06/02) no Manouche, na Gávea, foi a estreia do projeto “Conversas para Iluminar o Mundo”, onde a jornalista Maria Fortuna recebe convidados: o primeiro foi seu pai, o produtor Perfeito Fortuna. A plateia ouviu histórias de família e um recorte da vida de Perfeito — integrante do lendário grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, criador do Circo Voador e presidente da Fundição Progresso —, que se confunde com parte da história da cultura carioca.
Figura que inspirou a expressão agitador cultural, Perfeito começou contando que ele, na verdade é… português. Veio do Porto aos 5 anos de idade, num navio.
Com sua irreverência, mostrou que ninguém se chama Perfeito impunemente. Falou da importância dos amigos, revelou que a morte de um irmão, antes de ele nascer, trouxe-o ao mundo com a missão de espantar a tristeza na família; depois se transformou em seu propósito de vida: animar as pessoas com festa. Ou como ele diz: “promover saúde pública”.
Perfeito lembrou ainda o dia em que descobriu onde o prefeito da época (Júlio Coutinho) fazia cooper e correu de costas ao seu lado para mostrar a maquete do Circo Voador que carregava nas mãos.
Recordou o que Caetano Veloso disse quando o viu pela primeira vez na cadeia que dividiram durante a ditadura militar: “Pensei que nunca mais fosse ver um cabeludo na vida”
A noite terminou com a participação de Teresa, filha de Maria e neta de Perfeito, que tocou no piano a música “Trem Bala”, de Ana Vilella, que diz: “Segura teu filho no colo / Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui / Que a vida é trem-bala, parceiro / E a gente é só passageiro prestes a partir”.