O jornalista carioca Tiago Ribeiro é um pesquisador “in loco” do carnaval. Estando num dos muitos blocos de rua, no domingo (14/01), notou a publicidade criativa de um vendedor de drinques em saquinhos, os famosos sacolés ou geladinhos, que viraram febre nos isopores informais.
O cartaz traz uma alusão à série “Breaking Bad” (em tradução literal, “Liberando o mal”), em que o professor de Química Walter White decide transformar sua van num laboratório de metanfetamina, droga sintética usada como estimulante cerebral em forma de comprimido, pó ou cristais — o nome “Sacolé Breaking Head” (em tradução literal “Quebrando a cabeça”) vem a calhar com a descrição do produto: sacolé de vodka com vários sabores e, no meio, uma cor diferente em destaque, imitando uma “bala” (gíria para a droga sintética ecstasy), com venda a R$ 30. Só que a bala, claro, é de verdade mesmo.
No entanto, o médico Uno Vulpo, fundador do projeto “Sento Mesmo”, multiplataforma sobre educação sexual e redução de danos para a juventude, diz que todo cuidado é pouco com o consumo de substâncias ilegais em blocos e festivais: “O mais perigoso, além da hipertermia (aumento da temperatura corporal), é a hiponatremia, queda na concentração de sódio no sangue. A bala/MD aumenta a secreção de vasopressina, que é antidiurético (retém líquido). Como você está mamando um chup-chup de antidiurético, fica difícil, né? No calor, você começa suar, desidratar… E vai fazer o quê? Beber água. E é aí que mora o perigo: quando seu sangue fica mais diluído, diminuindo a concentração de sódio e se você beber mais do que 250 ml de água por hora, pode aumentar a diluição e foder mais ainda todo o processo. Vai usar? Beba no máximo 250 ml por hora, devagar, além de isotônicos pra fazer a reposição de nutrientes”.