Com tantos artistas brasileiros, a nova bandeira do Museu de Arte do Rio, erguida nessa quinta (18/01), no mastro do pavilhão de exposições, é do americano Emory Douglas, 80 anos, ex-integrante do Partido dos Panteras Negras de 1967 até a dissolução, na década de 1980, e responsável pela concepção estética e publicitária do partido. A imagem traz um jovem negro com um jornal na mão, onde se lê a manchete “Todo Poder para o Povo”.
A explicação de Marcelo Campos, curador-chefe do MAR: “Emory é um dos mais importantes artistas do século XX. Produziu cartazes e imagens muito vinculadas às revoltas e às ideias que circulavam em torno dos direitos civis; criou elementos que, até hoje, são repetidos, como a imagem dos punhos fechados, que caracteriza, muitas vezes, palavras de ordem e ações políticas. Escolhemos uma imagem já existente, e traduzimos a frase para o português porque tem a ver com a vocação desse museu, que é se aproximar cada vez mais do público e da população, com exposições mais abertas a todos os públicos, não necessariamente ao da arte ou dos museus”.
O artista americano também está na exposição “FUNK: Um grito de ousadia e liberdade”, inaugurada ano passado, sobre a influência da “black music” na música brasileira, ampliando as relações históricas com os movimentos pelos direitos civis, que também aconteceram no Brasil.
Em 2023, a bandeira foi escolhida por votação popular, no site do museu. A vencedora foi uma azul com estrelas, em referência à Bandeira Nacional, com a frase “A Ordem é Samba”, título de uma música de Jackson do Pandeiro, em 1966, criada por Juliana Joannou.