Na pandemia, Zazá Piereck decidiu deixar tudo mais arejado, ventilado, “mais Iemanjá”, no bistrô de Ipanema. Filha da Rainha do Mar com Oxun, a chef, volta e meia, serve iguarias para a orixá protetora das águas salgadas. Neste 2 de fevereiro, Zezé vai de filé de namorado escalfado em leite de coco e nampla, servido com couscous baiano (R$ 89): pimentões coloridos, cebola roxa, tomate, pimenta dedo-de-moça, castanha de caju, hortelã e coco desidratado. Odò Ìyá!
Iemanjá gosta de arroz-doce e canjica cozida no leite de coco. A divindade também ama cocada mole e manjar de coco com calda de ameixa ou pêssego. E assim, ao sabor da Soberana dos Mares, o 2 de fevereiro vai ser de festa gratuita no Arpoador, com samba, jongo, afoxé, música de reza, Marcos André, Feira Crespa e a turma de Madureira, além de gastronomia (acarajé), roupas e acessórios. Bares e restaurantes do Rio também participam da festa.
Confira algumas opções:
De cara para o mar, aos pés de Iemanjá, o ARP tem um drinque certo em mãos: gim, calda de pêssego e espumante (R$ 35). A criação é do Waguinho, chefe de bar, para acompanhar o cherne grelhado escoltado no creme de milho branco, com molho de moqueca e vinagrete de pimenta doce (R$ 115), do chef Lucas Lemos.
A festa de Iemanjá, que hoje tem ramificações no Rio de Janeiro e no Recife, tem sido retratada e amplamente divulgada por meio de mídias reproduzíveis, como gravuras e fotografias.
Para quem está na Pequena África, o Dia de Iemanjá é no Dois de Fevereiro, restaurante de comida baiana do Rapha Vidal (Casa Porto e Bafo da Prainha): miniacarajés com vatapá, caruru, molho lambão e camarão (R$ 24,90); moqueca do Ilê (peixe e camarão R$ 52) e cocada mole na xícara (R$ 9,90). Tem roda de samba Rio é Rua: Flor do Samba, só de mulheres, a partir das 16h e coquetel Caixote (R$ 20), com a batidinha Mamata, de maracujá com gengibre, espuma e soda com borbulhas, feita na casa.
No Rio Vermelho, bairro de Salvador, na Bahia, de frente para o oceano Atlântico, estima-se que, em todo o dia 2 de fevereiro, mais de 400 mil pessoas venham entregar presentes e pedidos a Iemanjá: flores e alimentos, além de produtos não biodegradáveis. Tudo isso ao lado da Casa do Peso dos Pescadores, antigo posto de pesagem para os pescadores locais e atual farol para os seguidores do espírito afro-brasileiro.
O que sabe bem a baiana radicada no Rio, Isis Rangel, que, lá do Jardim Botânico, mandou avisar: “Diariamente temos a cocada mole” (R$ 26). Mas a chef baiana decidiu incrementar a oferta: também vai servir canjica no leite de coco e arroz-doce, além do já tradicional manjar de coco com calda de ameixa. Atenção, além da casa da bucólica Rua Maria Angélica, Isis agora também anda pela charmosa Visconde de Carandaí.
O peixe é um alimento fundamental para o culto a Yemanjá, considerado um símbolo de sua fertilidade e abundância. O peixe também representa a própria essência do orixá, que é um espírito ligado à água e à natureza. Subindo para Santa Teresa, na encruza do bar Agô, um combo para Iemanjá: ceviche de peixe (linguado ou tilápia) com manga, leite de coco e uma taça de espumante (R$ 50).
O espumante, explica a proprietária da casa, Kananda Soares, é uma bebida que representa a alegria e a celebração. “É oferecido à Iemanjá como um símbolo de sua generosidade e amor. Também é associado à espuma do mar, que é um dos elementos que representam a mãe de todas as cabeças; representa sua essência, generosidade e prosperidade, para homenageá-la e pedir sua bênção.”
Na festa do dia 2, no Arpoador, Kananda Soares vai servir uma provinha do combo por R$ 25.
Bolinho de arroz com peixe (R$ 20, a dupla) ou manjar de coco com calda de ameixa (R$ 14)? Pode escolher ou ir nas duas sugestões do Baixela, em Copacabana.
Mais para dentro de Ipanema, no Maria e o Boi, Vanessa Rocha apostou na sobremesa: manjar de coco com cocada de manga (R$ 36).
A festa de Iemanjá continua bem representada, e sua imagem permanece mais codificada com subterfúgios: o aumento acentuado nos ataques aos terreiros e palavras de ordem que precisam se impor, dentre elas, “respeito às diferenças”.