Quando Fernando Pamplona aproveitou o slogan do Salgueiro, foi o começo das mudanças criativas no desfile das escolas de samba. O ano de 2023 foi muito além do chamado “retorno” do teatro. Foi o ano em que se mostrou que não existe mais arte com códigos delineados, com regras. As linguagens contemporâneas, as mídias sociais, a função do encenador nos levam a horizontes mais amplos. A conjugação de música, teatro, canto, dança, artes plásticas e, agora, as artes visuais em uma única apresentação, tudo junto e misturado, como acontecia na origem do teatro grego, mostraram a capacidade de se criar um discurso formal de muito talento.
Os grandes diretores — João Fonseca, Gustavo Gasparani, Cesar Augusto, Moacir Chaves, Guilherme Weber, Fernando Philbert, Victor Garcia Peralta, Rodrigo França, Gilberto Gawronski , Orlando Caldeira, Ione Medeiros, Duda Maia, Alfredo Del-Penho, Bruce Gomlevsky, Tadeu Aguiar — construíram verdadeiras “performances” dignas de serem premiadas nas mais importantes bienais e festivais mundo afora.
Nossa escolha dos espetáculos mais relevantes leva em consideração esse critério, o que, na Alemanha, se chama “Gesamtkunstwerk”, a obra completa. E como não se pode misturar lé com crê, listamos as categorias que englobam diferentes tipos de peças com a mesma intenção, proposta, tema ou gênero.
E se voltarem em cartaz, não percam; afinal, teatro é único.
A ordem dos fatores não altera o produto:
Obra completa: “Nave de luz: O menino é o pai do homem”
Clássico: “Julius Caesar – Vidas Paralelas”
Monólogo: “Como posso não ser Montgomery Clift?”
Monólogo: “Azira’i – Uma relação lendária”
Reencenação: “Vestido de Noiva”
Teatro “verdade”: “Pelada – A hora da Gaymada”
Adaptação: “Kafka e a boneca viajante”
LGBT+: “Angu”
Gênero: “Isabel das Santas Virgens e sua Carta à Rainha Louca”
Recursos audiovisuais: “Meus dois pais”
Hors-concours: Eduardo Sterblitch em “BeetleJuice” e Sirlea Aleixo em “Furacão”