Pai Dudu — meu Id, identidade secreta e lado B — faz previsões toda virada de ano. Jamais errou uma vírgula (hifens ele erra muito, mas nas vírgulas é bem melhor que a advogada do Choquei).
Para manter sua fama de infalível, Pai Dudu não se mete em prognósticos da taxa Selic, do preço do diesel ou da duração dos casamentos da Gretchen.
Para 2024, sua bola de baquelite (teve que penhorar a de policarbonato para amortizar os juros do cartão) revela que:
— Haverá escândalos de corrupção no governo (esta previsão está fixada desde que Pai Dudu estreou no ramo dos vaticínios, e é cláusula pétrea — à prova de dinamite);
— Felipe Neto fará uma postagem sem noção, comprovando seu distanciamento do mundo real;
— Uma subcelebridade gorda polemizará com uma subcelebridade magra; uma subcelebridade preta, com uma subcelebridade branca; uma subcelebridade trans, com uma subcelebridade cis; uma subcelebridade gay, com uma subcelebridade bi; uma subcelebridade bi, com uma subcelebridade hétero – todas lutando desesperadamente para se tornar cada vez mais subcélebres, mesmo que às custas do descrédito de pautas importantes;
— Um famoso morrerá de causa não divulgada (causa não divulgada = abuso de substâncias) e a família pedirá (em vão) respeito à sua privacidade;
— Um saite de fofoca publicará feiquenius e, em vez de aplicar as leis existentes e punir o saite de fofocas, as autoridades competentes pedirão a regulação das redes sociais, punindo todo mundo;
— Sendo ano de eleição municipal, haverá troca do asfalto de vias importantes, substituindo a capa de asfalto trocada nas últimas eleições por uma nova camada, com prazo de validade de, no máximo, quatro anos;
— A maior parte das pessoas não terá a mínima ideia de quem sejam as bandas confirmadas para os megaeventos musicais, os famosos que participarão dos reality shows, os mocinhos e mocinhas das novelas ou os mais ouvidos no Spotify;
— O Nobel de Literatura será um anônimo, ainda inédito no Brasil;
— Ainda não vai ser desta vez que o Brasil ganhará um Nobel ou um Oscar – nem um Roland Garros, um Mundial de Clubes, um Mr Olympia ou um Miss Universo; mas o país levará vários prêmios no “Melhores do Ano” do Domingão do Faustão;
— Um famoso jogador de futebol estará envolvido num escândalo sexual;
— Você terá vontade de abandonar as redes sociais;
— Ainda não será desta vez que você ganhará sozinho/a a Mega Sena da Virada;
— Haverá alertas cada vez mais catastróficos sobre os riscos da Inteligência Artificial – mais ou menos como os que havia, nos anos 60, sobre a lei do divórcio acabar com a família e o rock arruinar a civilização ocidental (e o perigo mesmo estava era no cigarro, na salsicha e no bronzeador);
— Minha vizinha de cima vai arrastar móveis, meu vizinho de baixo vai dar festa na varanda e meus vizinhos da frente vão cantar “Evidências” no caraoquê;
A menos que haja uma nova guerra, uma nova tentativa de golpe ou uma nova homenagem da Marina Sena à Gal Costa, 2024 há de ser melhor que 2023.
(Pode confirmar as previsões de 2023, postadas aqui há um ano: Pai Dudu não errou uma!)