De volta ao Rio, depois do show apoteótico no Rock in Rio 2019, Anthony Kiedis, vocalista do Red Hot Chili Peppers, jantou no Sushi Leblon, nessa segunda (06/11), junto com o baterista Chad Smith. Mais cedo, ele distribuiu sorrisos e tchauzinhos na orla de Ipanema. Os roqueiros da Califórnia, que não foram identificados pelos clientes da casa de Carolina Gayoso, comeram clássicos, como edamame, roll de camarão com abacate, missoshiro e sushis variados, alguns com peixes e frutos do mar da costa carioca, como cavalinha lula e polvo, além de agulhão-branco do Nordeste e vieiras de Santa Catarina, criações do chef César Ferreira.
A banda californiana fez show no Estádio Nilton Santos, no sábado (04/11); nessa terça (07/11), em Brasília; e os próximos, em São São Paulo (10/11), Curitiba (13/11) e Porto Alegre (16/11). Essa é a décima vez que Kiedis e sua banda passam pelo Brasil — em mais de 40 anos de carreira, o RHCP está no topo da lista de turnês de rock com a melhor média de público em 2023. É quase a mesma idade do Sushi Leblon, de 36 anos, que começou como Tatsumi Sushi pelas mãos de Carolina Gayoso e do então marido, Pedro Paulo Carneiro Lopes, o Pepê, atleta que revolucionou o esporte radical no Brasil e ajudou a dar vida a um dos primeiros e mais ousados restaurantes japoneses no Rio.
Entenda por ousado servir sushi de ovo de codorna e tornar essa combinação uma iguaria cobiçada. A cantora americana Miley Cyrus (a Hannah Montana do Disney Channel) não só amou como também postou em uma rede social. Em tempos passados, outras celebridades internacionais também passaram por ali, em suas andanças pelo Rio: Catherine Deneuve, Coldplay e Madonna.
Mas não é só de fama que vive o Sushi Leblon: única proprietária hoje, Gayoso preza pela inovação. Sempre. Recentemente, ela e a filha Bianca (proprietária do Nola, em frente) foram a Nova York comer, beber e, claro, pesquisar tendências. Às vésperas da pandemia, Carolina mudou toda a fachada e transferiu a entrada da esquina para dentro da rua, sob orientação de Thiago Bernardes, o sobrenome da arquitetura brasileira. Elegância e inovação fazem parte da história do japonês: o molho de missô com tangerina, por exemplo, é único; um usuzukuri de namorado com molho picante também — de encher a boca antes de dar uma golada no vinho e soltar “hummmm”.
O sushi ali adquiriu formatos diferentes, chegando à mesa também na forma arredondada (panquequinha), o que inspirou a criação de uma novidade: atum com ovo de codorna e tomate-cereja sobre molho shoyu, mostarda e pasta de gengibre — itens da cesta básica do prazer de comer bem num recinto de culinária nipônica de respeito. O tartar de namorado é outra novidade que fecha bem qualquer incursão. Desde que devidamente harmonizado com um dos saquês servidos na casa, no caso vai bem um japonês premium Honjozo, ao qual foi adicionada uma pequena quantidade de álcool destilado no muromi (etapa principal de fermentação do mosto) para ajustar e realçar o sabor. Num copo ou numa taça de cristal, por favor! Muita atenção aos saquês: eles estão com tudo no Rio. Esqueça a carta de um rótulo só, servido naquela caixa de plástico imitando madeira.
De sobremesa, a combinação mineiríssima doce de leite sob queijo, só que na forma de sorvete (da Itália), é servida numa taça de dry Martini. Para sair pela rua feliz e ensolarado (mesmo que no jantar) cantarolando “Dream of Californication…”