Hélio de la Peña é um dos poucos humoristas negros da sua geração a fazer sucesso: na Globo (como roteirista da “TV Pirata”, depois como um dos destaques do “Casseta & Planeta”) ou fora da TV. Em junho passado, apresentou “Preto de neve”, num teatro em Copacabana, a primeira vez do stand up na Zona Sul. No espetáculo, fala das adversidades em ambientes elitizados por ser negro. “Conto como é ser o único preto proprietário de uma casa no Jardim Pernambuco: quando eu estava me mudando, soube que um dos vizinhos chegou a comentar que, com a minha chegada, ele ia dormir ouvindo pagode”, diz ele, que atualmente está rodando o país com o espetáculo.
“Minha vida, neste mês, tá correria pura — não só a minha como também a da maioria dos artistas pretos, afinal é o mês da Consciência Negra, em que o ápice das celebrações são os eventos que ocorrem no Dia da Consciência Negra. É quando mais somos lembrados. Não estou reclamando! É tão bom que gostaríamos de ser lembrados o ano inteiro, não apenas em novembro”. Além de shows e palestras, neste fim de semana (18 e 19/11), ele estará na 11ª edição da Festa do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra (FlinkSampa), na Faculdade Zumbi dos Palmares, e na segunda (20/11), na cerimônia do Troféu Raça Negra, na Sala São Paulo. Ambos os eventos prestarão homenagens à jornalista Glória Maria.
Hélio também acaba de lançar o livro “As Aventuras de um Pijamão”, com crônicas dele e cartuns de Adão Iturrusgarai, sobre casamento, solteirice, sexo, falta de sexo e, segundo ele, “outras bobagens mais, sempre temperado com muito humor, obviamente”.
UMA LOUCURA: “Inventar de acompanhar a família na próxima loucura, a loucura que é subir o Monte Roraima.”
UMA ROUBADA: “Dormir acampado numa ilha deserta da Antártica — uma vez só, pra contar aos amigos. Nunca mais!”
UMA IDEIA FIXA: “Ideia fixa é torcer pelo Botafogo — na alegria ou na tristeza.”
UM PORRE: “As infinitas ligações de telemarketing.”
UMA FRUSTRAÇÃO: “Frustração é não ter conhecido o Tom Jobim.”
UM APAGÃO: “Botafogo 3 x 4 Palmeiras: foi apagão, frustração, insucesso, desprazer, tudo junto.”
UMA SÍNDROME: “Vou consultar um especialista; aí te respondo.”
UM MEDO: “Esquecer o punch da piada num show lotado.”
UM DEFEITO: “Achar que vou chegar na hora, mesmo saindo de casa atrasado.”
UM DESPRAZER: “Levantar da cama, à noite, pra fazer xixi.”
UM INSUCESSO: “‘Tomara que caia’ — não o vestido, mas o programa. Ainda bem que você nem lembra.”
UM IMPULSO: “Conferir as mensagens do WhatsApp.”
UMA PARANOIA: “Responder a toda uma entrevista depois do fechamento da coluna.”
Foto: Ana Quintella