A “paixão nacional” tem virado sinônimo de ódio com as demonstrações de violência de torcedores que explodiram nos últimos tempos. Esse clima de guerra tem sido visto e filmado por moradores, principalmente da Zona Sul, em pânico com as torcidas pela final da Libertadores, neste sábado (04/11), entre o Boca Juniors e o Fluminense.
Argentinos lotaram as areias entre os postos 4 e 5, nesta sexta (03/11), muitos sem ingresso e com disposição de sobra, com bandeiras e cantando, um dia depois do tumulto que levou, pelo menos, a nove prisões. Também vai ter um bandeiraço dos argentinos na parte da tarde, e a Conmebol convocou reunião extraordinária com dirigentes da CBF, da AFA (Asociación del Fútbol Argentino), do Fluminense e do Boca Juniors, para evitar que a violência se repita e que todos se envolvam no apelo pelo fim das hostilidades.
Segundo o jornalista Rodrigo Vessoni, que acompanha os dados das consequências dessa polarização há mais de 20 anos, foram 384 mortes no Brasil desde outubro de 1988 (o 1º registro) – 373 delas fora do estádio e 11 dentro. No Rio, foram 40.
Perguntamos ao psiquiatra Arnaldo Chuster sobre o que leva um torcedor a ter esse comportamento. “Um esporte, qualquer que seja ele, tem rivalidade entre lados que se defrontam, mas uma coisa é considerar o rival no esporte alguém que colabora com seu lazer; outra coisa é considerar como inimigo e passar a agir com crueldade e perversidade. O ódio destrói o esporte, nada acrescenta e perde todo mundo”.
Nos vídeos nas redes, as cenas são de guerra, com policiais usando bombas de efeito moral e balas de borracha, gente correndo e agressão por parte das duas torcidas.